A reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional está configurando um novo cenário fiscal no Brasil, com profundos impactos no ambiente de negócios e no mercado de capitais. Para profissionais de planejamento financeiro de longo prazo, as novas regras exigirão adaptação, simulações e estratégicas de diversificação.
Durante o Congresso Planejar, especialistas discutiram como as alterações na tributação podem reconfigurar decisões de investimento, estruturas patrimoniais e modelos de remuneração para profissionais CFP®. O consenso aponta a reforma como um divisor de águas, demandando atenção regulatória e estratégias de longo prazo.
Contexto Econômico e Oportunidades com a Reforma
Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset, destaca que a reforma cria um ambiente complexo, mas que gera valor para os planejadores financeiros. “Aproveitar as mudanças é muito importante quando olhamos no longo prazo”, afirmou.
Ele ressalta que o planejamento financeiro ganha protagonismo em um cenário de transformações tributárias, tecnológicas e regulatórias. Produtos de longo prazo, como previdência e títulos incentivados, continuam a oferecer vantagens fiscais relevantes, mesmo em um contexto de juros altos.
Alerta de Risco: “Ter uma superconcentração de um mesmo investimento é problema, pois traz risco e coloca uma parte relevante da riqueza em um único ativo”, alertou Funchal, reforçando a necessidade de monitorar propostas de mudança e manter o foco na diversificação de carteira.
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Reavaliação de Holdings e Fundos sob a Nova Tributação
A advogada Thais Veiga Shinga, sócia do escritório Mannrich e Vasconcelos Advogados, enfatiza a necessidade de reavaliação das estruturas jurídicas utilizadas por famílias e investidores de alta renda. “É muito importante comparar as estruturas de fundos e de holdings patrimoniais”, disse.
Holdings, que atualmente concentram patrimônio com tratamento tributário vantajoso, podem enfrentar mudanças. A partir de 2027, a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e, posteriormente, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) substituirão o ISS e o ICMS. Isso pode gerar nova carga tributária para ganhos mobiliários dentro de pessoas jurídicas.
“Precisamos fazer contas, simular e nos preparar”, recomendou Shinga, indicando a urgência de pragmatismo diante das alterações iminentes.
Tributação para Alta Renda: O PL 1087/2025 propõe tributação adicional para rendimentos superiores a R$ 600 mil anuais, podendo atingir 10% para salários acima de R$ 1,2 milhão.
Em relação aos fundos de investimento, a especialista mencionou o projeto que pode retomar a incidência de IBS/CBS. “Há um novo projeto de lei complementar que pode retomar esse ponto. É preciso se planejar considerando múltiplos cenários”, adverte.
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Foco no Cliente e Visão de Longo Prazo
Betânia Faria, gerente jurídica e de compliance da Planejar, destaca a importância de frieza e foco no cliente neste novo cenário. “Nós, como profissionais, precisamos estar atentos. São tendências que provavelmente vieram para ficar”, afirmou.
A recomendação é desviar o foco do produto financeiro para a perspectiva do cliente. “Entender o que faz sentido para ele”, enfatizou Faria. O planejamento deve considerar perfil, horizonte de investimento, risco regulatório e possíveis mudanças legislativas, priorizando a visão de longo prazo e a diversificação inteligente.
Fonte: InfoMoney