Investidor Estrangeiro Foca em Juros no Brasil, Ignora Eleições 2026

Scott Piper, do Itaú, afirma que investidores estrangeiros priorizam a queda de juros no Brasil em vez das eleições de 2026. Saiba mais.
queda de juros no Brasil — foto ilustrativa queda de juros no Brasil — foto ilustrativa

Investidores estrangeiros estão mais interessados na perspectiva de um prolongado ciclo de queda de juros no Brasil do que na corrida presidencial de 2026, segundo Scott Piper, executivo-chefe de investimentos (CIO) da Itaú USA Asset Management. Enquanto o mercado local foca nas eleições, o capital internacional observa com mais atenção a política monetária.

Piper destacou que a queda das taxas de juros é um catalisador de grande poder para o mercado. Ele observou que o Brasil ostenta atualmente os juros reais mais altos do mundo, em 7,5% ao ano, em um cenário de inflação em declínio (4%) e desaceleração econômica. O Banco Central (BC) iniciou sua reunião que deve manter a Selic em 15% ao ano.

Ciclo de Afrouxamento Monetário e Mercado de Ações

Historicamente, após o início de um ciclo de afrouxamento monetário no Brasil, observa-se um período de adaptação antes que os recursos migrem de investimentos de renda fixa. Contudo, a média das últimas quatro décadas aponta para uma valorização de cerca de 25% no mercado de ações seis meses após o início dessa transição.

Piper considera as eleições presidenciais um fator de maior imprevisibilidade. Ele acredita que, nos próximos 12 meses, o cenário eleitoral ganhará relevância crescente para os investidores, embora o cenário político atual ofereça poucas certezas sobre os futuros candidatos.

América Latina e Fluxo de Capital Estrangeiro

O entusiasmo de investidores estrangeiros com a América Latina também se reflete nos resultados eleitorais recentes, como a eleição de Javier Milei na Argentina, seguida por um bom desempenho dos ativos domésticos. Resultados semelhantes foram observados na Colômbia e no Chile. No entanto, Piper ressalta que ainda é cedo para análises aprofundadas sobre as eleições brasileiras, dadas as incertezas quanto aos candidatos.

Em meio a um dólar enfraquecido, o Brasil emerge como um destino provável para a migração de recursos estrangeiros. O país está nos estágios iniciais de um ciclo de flexibilização monetária, que tende a impulsionar a indústria local de gestão de patrimônio a reinvestir mais em ações, não apenas no Mercado brasileiro, mas também em outros países da região, como o México e o Chile.

Cenário Econômico dos Estados Unidos

Adicionalmente, os ativos domésticos brasileiros podem apresentar um desempenho positivo à medida que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, avança em seu processo de flexibilização monetária. O diferencial de juros entre os países contribui para o fortalecimento do real, o que pode levar o câmbio abaixo de R$ 5, com efeitos benéficos sobre a inflação e as expectativas de juros no Brasil.

Piper expressou preocupação com a crescente incerteza na economia americana, citando a paralisação da máquina pública, a expansão fiscal e as tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump. Ele pontuou que a economia dos EUA tem sido sustentada majoritariamente pelo ciclo de investimento em inteligência artificial (IA), mas que, fora desse setor, os indicadores mostram um quadro de fragilidade.

Fonte: Estadão

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