Moda no Brasil: Marcas Falham em Transparência Climática, Indica Relatório

Marcas de moda no Brasil falham na transparência climática, com índice médio de 24%. Saiba quais empresas se destacam e os desafios do setor.
transparência climática moda Brasil — foto ilustrativa transparência climática moda Brasil — foto ilustrativa

O setor da moda no Brasil demonstra uma falha significativa na publicação de compromissos e resultados relacionados à agenda climática. De acordo com o “Índice de Transparência da Moda Brasil – Edição Clima”, quase metade das 60 maiores Marcas de vestuário e calçados em operação no país (27 marcas) não divulgou nenhuma informação sobre o tema entre janeiro de 2023 e julho de 2025. O índice médio de transparência registrado é de apenas 24%.

Indicador de Transparência da Moda Brasil
O índice avaliou a divulgação de dados climáticos por marcas de moda no Brasil.

Avaliação de Dados Climáticos no Setor

A pesquisa, realizada pela organização Fashion Revolution Brasil, mapeou a disponibilidade de informações em cinco áreas cruciais: rastreabilidade da cadeia de fornecimento, emissões de carbono, descarbonização e desmatamento zero, uso de energia renovável e transição justa. O tópico com maior avanço em transparência foi a divulgação de emissões de carbono (40%), seguido pelo uso de energia renovável (33%). Em contrapartida, a transição justa apresentou o pior desempenho, com apenas 9% de transparência.

Adicionalmente, o estudo revela que somente 12% das marcas que reportaram emissões de gases poluentes apresentaram uma redução real em relação ao ano-base de suas metas. Além disso, 80% das empresas avaliadas não divulgam compromissos com o desmatamento zero, um indicador preocupante para a sustentabilidade.

Urgência e Disparidade na Transparência

A coordenadora de Pesquisa do Fashion Revolution Brasil, Isabella Luglio, destaca que o crescimento da transparência está aquém da necessidade diante da velocidade dos impactos climáticos. Ela aponta um cenário ainda polarizado, com um grupo de marcas divulgando relatórios robustos e outro grupo que zera ou quase zera a divulgação de informações, impedindo um avanço homogêneo no setor.

Luglio ressalta que o índice mede o grau de transparência, não necessariamente o quão sustentável uma empresa é. No entanto, a falta de divulgação é vista como uma má prática, pois a transparência é fundamental para o avanço em direção a objetivos de sustentabilidade. “Se faz, tem que mostrar”, enfatiza.

Destaques e Compromissos de Sustentabilidade

O relatório elegeu as 10 marcas mais transparentes em relação à agenda climática. Entre elas estão Renner e Youcom (Lojas Renner), Ipanema e Melissa (Grendene), Arezzo e Reserva (Grupo Azzas). A pontuação, mesmo entre os destaques, indica um teto de transparência que necessita ser ampliado.

Regina Durante, vice-presidente da Lojas Renner S.A., afirma que a transparência é um valor central, com práticas ESG integradas há mais de uma década. A empresa publicou seu primeiro relatório corporativo alinhado às normas IFRS S1 e S2 do ISSB, buscando ampliar a confiança nas informações. Paulo Corrêa, CEO da C&A, reforça a transparência como pilar de negócio, com pioneirismo na rastreabilidade de fornecedores desde os Anos 90 e planos para coletar dados primários de emissões e aprimorar o inventário. A C&A também expandirá o uso de QR Code em etiquetas para maior transparência sobre origem e processo produtivo.

Taciana Abreu, diretora de Sustentabilidade da Riachuelo, menciona que o índice é usado internamente para aprimorar a estratégia. O diferencial da empresa reside na própria fábrica, garantindo maior controle socioambiental e auditorias em sua cadeia de fornecedores. A Riachuelo planeja aumentar a rastreabilidade de peças via blockchain e comunicar atributos de sustentabilidade para o consumidor fazer escolhas conscientes.

Suelen Joner, diretora de Sustentabilidade do Grupo Azzas (Arezzo e Reserva), destaca o projeto de rastreabilidade do couro para combater o desmatamento e a meta de 100% de rastreio até 2030. O grupo investe em sistemas digitais para monitoramento em tempo real de indicadores socioambientais e pretende expandir o uso de blockchain para outras matérias-primas, além de aprimorar relatórios alinhados às recomendações do TCFD.

As marcas Adidas, Ipanema, Melissa e Malwee não comentaram a pesquisa.

Fonte: Estadão

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