Diante de um cenário de risco iminente de apagão por excesso de oferta de energia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) desenvolveu um plano emergencial. O protocolo visa gerenciar situações Críticas de instabilidade na rede elétrica, que podem levar a interrupções no fornecimento de energia.
A proposta emergencial, apresentada à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), detalha a restrição da geração em usinas de pequeno porte, como Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e usinas térmicas a biomassa. Essas unidades, embora essenciais, não são supervisionadas diretamente pelo ONS, mas sim pelas distribuidoras locais.
Análise e Contribuições para o Plano Emergencial
O Plano de Gestão de Excedentes de Energia na Rede de Distribuição está sob análise da Aneel, que poderá implementar ajustes e complementos. Adicionalmente, as diretrizes serão encaminhadas às distribuidoras para que possam oferecer contribuições práticas, visando aprimorar a aplicação do plano em cenários reais. A expectativa é que o procedimento esteja operacional até o final do ano, segundo Christiano Vieira, diretor de Operação do ONS. Ele ressalta que a probabilidade de acionamento do plano é baixa, mas sua existência garante clareza sobre os protocolos em caso de emergência.
“O que a gente está discutindo aqui é algo bastante pontual, mas fundamental para a segurança do sistema nessas situações mais atípicas, mas que são passíveis de ocorrer, dada a dinâmica de crescimento do sistema, do ponto de vista da expansão da mini e microgeração distribuída e também das condições climáticas”, explicou Vieira.
Sinal de Alerta: O Episódio do Dia dos Pais
A urgência na criação deste protocolo ficou evidente no Dia dos Pais, em 10 de agosto. Na ocasião, a baixa demanda por eletricidade, combinada com uma geração renovável excepcionalmente alta, resultou em uma oferta de energia significativamente superior ao consumo. O ONS precisou intervir de forma drástica, ordenando o corte de toda a produção possível de usinas hidrelétricas, eólicas e solares entre 13h e 13h30 para manter a estabilidade.
Embora situações tão Críticas não tenham se repetido, o ONS mantém monitoramento atento, especialmente para os feriados de fim de ano, período em que a demanda de energia historicamente diminui devido à redução da atividade econômica. Um novo evento similar poderia ser desencadeado pela combinação de carga menor, temperaturas amenas e alta geração solar, repetindo as condições do incidente anterior.
O Protocolo Emergencial do ONS
Na prática, o plano emergencial permitirá ao ONS acessar “recursos flexíveis” que vão além das usinas hidrelétricas, eólicas e solares já sob seu comando. Essa medida de última instância só será acionada se todas as outras ações operativas falharem em garantir a estabilidade e segurança da rede elétrica nacional.
O Operador comunicará antecipadamente às distribuidoras sobre a potencial necessidade de redução temporária da geração. A responsabilidade de comandar o corte no volume necessário caberá, então, à concessionária local. Atualmente, cerca de 20.000 megawatts (MW) de potência instalada em usinas com menos de 50 MW cada, classificadas como “tipo III”, estão sob supervisão de diversas distribuidoras, com aproximadamente 80% dessa capacidade concentrada em estados como São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso. Um inventário detalhado será realizado conjuntamente por distribuidoras e órgãos do setor para definir os aspectos práticos da implementação.
“Tudo vai ser conversado e estruturado, de modo a contemplar a visão de todos os atores desse processo, mas o importante é que se tenha conforto no momento em que uma situação de operação mais crítica for anunciada”, concluiu Vieira.
Fonte: Estadão