Argentina: BC flexibiliza reservas para impulsionar crédito e liquidez

O Banco Central da Argentina (BCRA) implementou uma medida de flexibilização nas regras de reservas bancárias, visando injetar liquidez no sistema financeiro e estimular a concessão de crédito. A decisão surge após a Vitória do partido do presidente Javier Milei nas eleições legislativas.

A nova norma permite que os bancos comerciais cumpram 95% do requisito diário de manutenção de reservas, um afrouxamento em relação aos 100% exigidos anteriormente. Essa mudança visa oferecer maior flexibilidade na gestão da liquidez, reduzindo a necessidade de os bancos manterem reservas excessivas para evitar penalidades, que por vezes eram severas.

Contexto Econômico Pós-Eleitoral

Este ajuste representa a primeira alteração significativa na política monetária desde o resultado eleitoral de meio de mandato, que já provocou uma valorização dos ativos argentinos após semanas de instabilidade. A medida atende a demandas antigas do setor bancário, que buscava reduzir Custos de financiamento e proteger sua rentabilidade.

Executivos do BCRA haviam sinalizado a intenção de flexibilizar as regras após a eleição, e investidores já antecipavam alguma mudança política iminente.

“No médio prazo, espera-se que os formuladores de políticas gradualmente revertam os aumentos emergenciais dos requisitos de reserva sobre depósitos à vista”, comentou Walter Stoeppelwerth, diretor de investimentos do Grit Capital Group, em nota aos clientes. Ele ressaltou a evidência de que “a liquidez está perigosamente apertada.”

Paolo Di Sora, CIO da RPS Capital, em evento econômico.

Impacto e Próximos Passos

Apesar da mudança, o ritmo de reversão dos controles de liquidez parece ser mais lento do que o aumento inicial dos requisitos nos últimos meses. A demanda dos bancos por um retorno à conformidade mensal de reservas, em vez de diária, foi uma solicitação mais ambiciosa do que a concessão oferecida pelo BCRA.

Os credores enfrentaram um aperto de liquidez significativo enquanto o governo tentava conter a desvalorização do peso argentino em meio à volatilidade do Mercado. As taxas de juros sobre ativos em pesos alcançaram níveis de três dígitos, e o desempenho das ações de grandes bancos sofreu quedas. A atividade bancária principal também foi afetada pela desaceleração econômica e pelo aumento da inadimplência.

O BCRA demonstra uma abordagem cautelosa, pois a flexibilização dos requisitos pode injetar mais pesos na economia e potencialmente desestabilizar a moeda. Um leilão recente do Tesouro indicou que menos de 60% da dívida local vencida foi rolada, sinalizando a iminente entrada de novos pesos no mercado.