Fed: Dirigentes defendem cautela com inflação e juros restritivos nos EUA

Dirigentes do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, reforçaram nesta sexta-feira (31) a necessidade de cautela com o cenário inflacionário e defenderam a manutenção de juros mais restritivos na economia americana. A presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, e o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, expressaram preocupação com a persistência da inflação, mesmo após a recente redução da taxa básica de juros.

Beth Hammack argumentou que a taxa de juros atual está próxima de um nível neutro e que uma nova diminuição não seria apropriada neste momento. “Precisamos continuar restritivos para conter a inflação”, afirmou Hammack em um evento promovido pelo Fed de Dallas. Ela destacou que o objetivo primordial é reconduzir a inflação à meta de 2%.

Fed: Sem caminho pré-definido para a política monetária

Raphael Bostic, por sua vez, indicou que apoiou a decisão recente do Fed de reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, mas ressaltou que a economia ainda se encontra em território restritivo. “Não podemos esquecer que a inflação continua sendo um problema e precisamos voltar à meta de 2%”, disse Bostic. Ele enfatizou a importância de não se fixar em projeções de curto prazo, como a mediana do Sumário de Projeções Econômicas (SEP), pois o cenário é dinâmico.

Ambos os dirigentes ressaltaram que o Comitê de Política Monetária (FOMC) não tem um roteiro pré-estabelecido para as futuras decisões sobre a taxa de juros. A análise dos próximos dados econômicos será fundamental para determinar os próximos passos. Hammack alertou que o Mercado tende a focar excessivamente em projeções, mas que estas “não são uma promessa, um forward guidance”.

Cautela em ambiente incerto

Bostic descreveu o atual momento como o “tempo mais difícil de fazer projeções” e elogiou a comunicação do presidente do Fed, Jerome Powell, que deixou claro que um corte na taxa de juros em dezembro não está garantido. “É preferível avançar com cautela em um ambiente incerto”, defendeu o presidente do Fed de Atlanta, sinalizando a aversão ao risco por parte da autoridade monetária. A comunicação do Federal Reserve busca alinhar as expectativas do mercado com os objetivos de controle da inflação.

A preocupação com a inflação nos EUA pode ter reflexos globais, especialmente em economias emergentes, que dependem do fluxo de capital Internacional. Decisões de política monetária do Fed impactam diretamente as taxas de câmbio e o custo do crédito em todo o mundo. Analistas de mercado acompanham de perto os indicadores econômicos dos EUA para antecipar os próximos movimentos do Fed.

Fonte: Valor Econômico