Trégua EUA-China: Impactos no Comércio Global e no Brasil

Trégua comercial EUA-China alivia tensões globais e pode impactar Brasil. Entenda os efeitos nas terras raras, soja e tecnologia. Leia agora!
Trégua EUA-China — foto ilustrativa Trégua EUA-China — foto ilustrativa

A tensão comercial entre Estados Unidos e China diminuiu significativamente com o acordo selado entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping. A resolução, anunciada nesta quinta-feira (30), prevê a redução das tarifas médias americanas sobre produtos chineses de 47% para cerca de 37%, enquanto a China suspenderá restrições à exportação de terras raras, retomará a compra de soja dos EUA e intensificará o combate ao tráfico de fentanil.

O entendimento, alcançado durante uma reunião na Coreia do Sul, encerra a rodada de negociações sobre sobretaxas aplicadas em abril e alivia o clima de instabilidade entre as duas potências globais. Especialistas apontam que a trégua traz um alívio temporário para as cadeias de suprimentos e para o comércio internacional.

Impacto nas Cadeias de Produção e Tecnologia

Um dos pontos cruciais do acordo envolve as terras raras, elementos essenciais para a fabricação de tecnologias avançadas, veículos e equipamentos de Defesa. A China, detentora da maior parte das reservas e do processamento desses minerais, havia utilizado restrições de exportação como retaliação às tarifas americanas, expondo a dependência mundial.

Com a trégua, indústrias fora da China ganham previsibilidade no Acesso a esses insumos vitais. “As terras raras são agora o instrumento mais eficaz que a China pode acionar”, avalia Zongyuan Zoe Liu, pesquisadora sênior do Council on Foreign Relations. “O restante do mundo não possui capacidade produtiva disponível ou acessível a preços viáveis.”

A disputa por chips de Inteligência Artificial, como os produzidos pela Nvidia, também é uma área sensível. Cerca de 25% das vendas da Nvidia, líder em tecnologia para IA, dependem do Mercado chinês. “Há uma interdependência muito clara: os chineses precisam desses chips, e as empresas americanas não querem perder o mercado. Isso força os dois lados a negociar”, explica José Roselino, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

A escassez global de chips já impacta setores como o automotivo. A Honda no México precisou interromper a produção, e o setor automotivo brasileiro teme paralisações. O acordo tende a diminuir essas restrições internacionais e aliviar a pressão sobre os preços de commodities.

Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, vê o acordo como uma sinalização de maior entendimento entre Trump e Xi, reduzindo incertezas nos mercados globais. “Isso deve aliviar fluxos de comércio obstruídos, como chips, e melhorar a volatilidade dos mercados”, afirma.

Implicações Econômicas para o Brasil

O acordo entre EUA e China impacta diretamente setores como agricultura e mineração no Brasil. A retomada das compras de soja pelos EUA pode reduzir a demanda pelo grão brasileiro, pressionando preços e volumes.

A China se comprometeu a comprar no mínimo 25 milhões de toneladas métricas de soja americana por ano nos próximos três anos. Atualmente, a China é o maior comprador de soja do mundo, com o Brasil como seu principal fornecedor. No primeiro semestre de 2025, os portos brasileiros responderam por quase 66% das exportações de soja para a China.

“O interesse dos produtores americanos pesou muito nessa negociação, e acabou abrindo oportunidades para o Brasil ganhar espaço no mercado de soja”, comenta Roselino, ressaltando a importância da base política de Trump.

Potencial Brasileiro em Terras Raras

A trégua também evidencia a importância estratégica das terras raras. O Brasil possui a segunda maior reserva mundial desses minerais, mas enfrenta desafios tecnológicos para seu processamento em larga escala. Atualmente, os minerais extraídos são exportados como matéria-prima bruta, sem beneficiamento local.

Jonathan Colombo, engenheiro e professor da FGV, aponta que, apesar do acesso a esses recursos, o país ainda não consegue aproveitá-los da melhor forma. A geopolítica das terras raras é complexa, e o Brasil busca desenvolver sua capacidade de extração e beneficiamento.

Relação Brasil-EUA e o Futuro do Comércio

Recentemente, os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva se reuniram para discutir tarifas americanas sobre exportações brasileiras. Lula classificou o encontro como positivo e expressou otimismo sobre um futuro acordo bilateral.

O Brasil busca a suspensão de tarifas impostas pelos EUA, com discussões que abrangem diversos setores e a questão dos minerais críticos e terras raras. “Esperamos em pouco tempo, em algumas semanas, concluir uma negociação bilateral”, afirmou o chanceler brasileiro, Mauro Vieira.

Com a normalização do comércio global devido à trégua entre EUA e China, o Brasil pode se beneficiar como exportador. Contudo, a preferência dos EUA por produtos brasileiros pode gerar maior concorrência ou a perda de fluxos comerciais anteriores.

Donald Trump e Xi Jinping em reunião para acordo comercial entre EUA e China.
Donald Trump e Xi Jinping em reunião para acordo comercial entre EUA e China.

Gráfico comparativo das tarifas impostas pelos EUA à China antes e após o acordo.
Gráfico comparativo das tarifas impostas pelos EUA à China antes e após o acordo.

Fonte: G1

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