Déficit do Governo Central em Setembro Atinge Pior Nível Desde 2020

Governo central registra déficit primário de R$ 14,5 bi em setembro, o pior para o mês desde 2020. Entenda os motivos e o impacto nas contas públicas.
Déficit do Governo Central em Setembro — foto ilustrativa Déficit do Governo Central em Setembro — foto ilustrativa
Prédio do Ministério da Fazenda em Brasília 14/02/2023 REUTERS/Adriano Machado

O governo central registrou um Déficit primário de R$ 14,497 bilhões em setembro, um resultado significativamente superior ao saldo negativo de R$ 5,170 bilhões observado no mesmo mês do ano anterior. Apesar de ser um rombo menor do que o esperado por economistas consultados pela Reuters, que previam um déficit de R$ 15,3 bilhões, o saldo de setembro foi o pior para o mês desde 2020, quando dados corrigidos pela inflação registraram um déficit de R$ 103,9 bilhões durante as ações de combate à pandemia de Covid-19.

Este dado, que engloba as contas do Tesouro, Banco Central e Previdência Social, reflete um aumento nas despesas totais do governo. As receitas líquidas, que excluem Transferências para governos regionais, somaram R$ 172,369 bilhões, representando um aumento real de 0,6% em comparação com setembro de 2024. No entanto, as despesas totais atingiram R$ 186,866 bilhões, um crescimento de 5,7%.

Aumento de Gastos Discricionários Impulsiona Despesas

O expressivo aumento nas despesas totais em setembro foi majoritariamente impulsionado por um crescimento de R$ 10,6 bilhões em gastos discricionários dos ministérios. Esse valor representa uma alta de 100,9% em relação ao mesmo mês de 2024, indicando um esforço do Governo em direcionar recursos para áreas específicas.

Do lado das receitas, alguns componentes apresentaram desempenho positivo. Houve um aumento de R$ 2,3 bilhões nos ganhos com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e uma elevação de R$ 6,2 bilhões na arrecadação líquida destinada à Previdência. Contudo, a arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) apresentou uma redução de R$ 2,2 bilhões.

Gráfico do déficit primário do governo em setembro.
Déficit primário do governo central em setembro foi de R$ 14,5 bilhões.

Acumulado Anual e Perspectivas para 2025

No acumulado de janeiro a setembro, o déficit primário do governo central totalizou R$ 100,385 bilhões. Este valor é ligeiramente inferior ao registrado no mesmo período de 2024, quando o saldo negativo foi de R$ 103,573 bilhões. Nos primeiros nove meses do ano, a Receita líquida do governo cresceu 3,5% em termos reais, enquanto as despesas totais aumentaram 2,8% em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo análise da economia.

Em um período de 12 meses, o governo registrou um déficit de R$ 35,6 bilhões, o que representa 0,32% do Produto Interno Bruto (PIB). A meta de resultado primário estabelecida pelo governo para 2025 é de déficit zero, com uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB, o que equivale a aproximadamente R$ 31 bilhões. O cumprimento desta meta demandará um controle rigoroso dos gastos públicos nos próximos meses.

Índice IGP-M em outubro.
Queda do IGP-M em outubro foi maior que o esperado.

Análise de Especialistas e Cenário Econômico

Especialistas apontam que o aumento dos gastos discricionários pode gerar preocupações sobre a trajetória fiscal do país, especialmente em um contexto de busca por equilíbrio orçamentário. A meta de déficit zero para 2025, anunciada pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, embora ambiciosa, é vista como necessária para a sustentabilidade das contas públicas e para a confiança dos investidores no mercado financeiro.

A performance das receitas, especialmente em tributos como IOF e Previdência, mostra uma certa resiliência. No entanto, a dependência de aumentos em receitas específicas e o controle sobre despesas correntes serão cruciais para atingir os objetivos fiscais. Acompanhar os próximos relatórios do Tesouro Nacional será fundamental para avaliar a evolução da situação fiscal brasileira e seu impacto na economia.

Fonte: InfoMoney

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