O dólar à vista encerrou a sessão próximo da estabilidade, em um dia marcado pela cautela gerada por comentários do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e pela expectativa de menor risco comercial global com um possível acordo entre China e Estados Unidos. A fala de Powell sobre a incerteza de um corte nos juros em dezembro pesou nas negociações, assim como o anúncio de um encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping.
Após as negociações, o dólar à vista recuou 0,03%, a R$ 5,3580, após oscilar entre a mínima de R$ 5,3341 e a máxima de R$ 5,3671. O euro comercial, por sua vez, desvalorizou 0,64%, negociado a R$ 6,2056. No cenário Internacional, o índice DXY, que mede a força do dólar contra seis moedas fortes, avançava 0,54% no final da tarde.
Durante a manhã, o dólar operou perto da estabilidade, com os agentes financeiros aguardando notícias sobre o encontro entre Xi Jinping e Donald Trump. O real, que esteve entre as moedas mais enfraquecidas devido à escalada nas tensões comerciais, poderia se beneficiar de um alívio na disputa.
Impacto do Fed no Câmbio
Na parte da tarde, comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, levaram o dólar a apagar quedas anteriores e voltar a operar perto da estabilidade. A sinalização de que não há certeza sobre mais um corte nas taxas de juros nos EUA em dezembro aumentou a cautela dos investidores, favorecendo uma apreciação global da moeda americana.
Rafael Ihara, economista-chefe da Meraki, avalia que a moeda americana deve voltar a perder força. Ele aponta um componente cíclico e estrutural na desvalorização global do dólar. No ciclo, a tendência de geração de vagas e a inflação devem continuar, impedindo o Fed de considerar alta de juros até o fim do ano.
O aspecto estrutural, segundo Ihara, deriva da deterioração da política econômica americana, com questionamentos sobre a independência do Fed, algo mais comum em mercados emergentes. Essa percepção aumenta o prêmio de risco para ativos americanos.
Análise de Moedas Latino-Americanas e Eleições no Brasil
Estrategistas do J.P.Morgan apresentaram um cenário para as moedas da América Latina, com foco nas eleições regionais. No Brasil, a precificação atual, segundo o banco, inclui uma chance de transição de poder. A expectativa é que o mercado precifique 40% de chances de transição de governo e 60% de continuidade.
O risco de aumento dos gastos fiscais pré-eleitorais, caso o Governo atual perca posições nas pesquisas, pode limitar a capacidade de precificar uma mudança política. Essas premissas poderiam levar o câmbio brasileiro para cerca de R$ 5,60 por dólar, próximo da estimativa de valor justo de curto prazo.
Contudo, a narrativa eleitoral deve se tornar mais relevante para o câmbio apenas após o primeiro trimestre de 2026, cerca de seis meses antes do evento. A volatilidade implícita do câmbio brasileiro um mês à frente está precificada em 26% para outubro de 2026, comparável aos níveis de 2022.
Fonte: Valor Econômico