Operação Policial no Rio: Deputados Acusam Governo de ‘Chacina Continuada’

Deputados governistas criticam megaoperação no Rio, classificando-a como ‘chacina continuada’. Criticam governador Cláudio Castro e pedem investigação.
Operação Policial Rio — foto ilustrativa Operação Policial Rio — foto ilustrativa

Deputados governistas do Rio de Janeiro classificaram a recente operação policial no estado, que resultou em 119 mortes, como uma “chacina continuada”. As críticas se voltaram contra o governador Cláudio de Castro (PL), acusado de oportunismo eleitoral com a ação policial. Parlamentares planejam uma diligência emergencial da Comissão de Direitos Humanos da Câmara no Rio de Janeiro.

A missão oficial deve visitar o Complexo da Penha, o Complexo do Alemão, o Instituto Médico Legal e ouvir familiares das vítimas. Deputados avaliam que o número de mortes pode ultrapassar 200.

Comissão Permanente para Segurança Pública no Rio

Segundo a deputada Taliria Petrone (Psol-RJ), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou a possibilidade de instalação de uma comissão permanente para acompanhar a segurança pública no Rio de Janeiro.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) descreveu a política de segurança de Cláudio Castro como uma “política da chacina”, com “planejamento eleitoral claro”. Ela ressaltou que o Governo federal sequer foi notificado sobre a operação. “O que está acontecendo é usar o medo, a dor e a morte para fazer política eleitoral”, declarou.

O líder do PT, Lindbergh Farias (PT), defendeu o envolvimento da Polícia Federal e sugeriu que o governo federal auxilie com inteligência, destacando a necessidade de combater o financiamento do crime organizado através de ações como a Operação Carbono Oculto e a PEC da Segurança Pública.

A deputada Dandara Tonantzin (PT-MG) informou que a bancada negra da Câmara apresentou uma representação ao Ministério Público Federal para apurar violações de direitos contra populações periféricas e solicitar a preservação de imagens de câmeras corporais dos policiais. A bancada também se reuniu com a ministra dos direitos humanos, Macaé Evaristo, para tratar do caso.

“Poderia ser uma imagem de Gaza. Poderia ser imagem da Guerra da Ucrânia. Mas foi no Rio de Janeiro que os corpos ficaram por horas estendidos, enfileirados na lama, debaixo do sol e a própria população se mobilizou para buscar no mato”, comparou Tonantzin.

“A vida das pessoas vai melhorar, depois dessa operação? Qual o efeito real na segurança pública e na vida da população?”, questionou o deputado Chico Avelar (Psol-RJ). “Apoiar uma operação pelo número de mortes que ela produz é uma louvação à barbárie”, completou.

Operação Mais Letal da História e Críticas à Gestão Estadual

Os parlamentares enfatizaram que o Brasil não prevê pena de morte e apontaram falhas na política de segurança pública do Rio de Janeiro, falando em “licença para matar”. Compararam a operação ao Massacre de Carandiru, destacando que o número de mortes superou o episódio de 1992, que registrou 111 óbitos.

A megaoperação das polícias Civil e Militar no Complexo do Alemão e na Penha, que visava cumprir mandados de prisão contra traficantes do Comando Vermelho, resultou em uma reação com barricadas e uso de drones. Inicialmente divulgada com 64 mortes, o número foi atualizado para 119, tornando-se a ação policial mais letal da história do Brasil.

Políticos de oposição ao governo federal e alinhados à direita têm utilizado o episódio para criticar a gestão petista e defender leis mais rigorosas contra o crime organizado. Em contrapartida, a base aliada rebate as acusações de omissão, questiona a ausência de participação federal e a eficácia da operação devido ao alto número de mortes, ainda sem identificação completa.

O governador Cláudio Castro, responsável pela segurança pública do Estado, classificou a ação como um “sucesso”, afirmando que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos. Por outro lado, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, descreveu a operação como “extremamente cruenta, extremamente violenta”.

Familiares de vítimas da operação policial no Rio de Janeiro em busca de informações.
Familiares de vítimas buscam informações sobre os mortos na operação policial no Rio de Janeiro.

Fonte: Valor Econômico

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