Fed corta juros nos EUA pela 2ª vez para 3,75%-4% com receio do mercado

Fed corta juros dos EUA pela 2ª vez, para 3,75%-4% ao ano. Decisão visa impulsionar mercado de trabalho e reflete cenário global, com impacto no Brasil.
Fed corta juros EUA — foto ilustrativa Fed corta juros EUA — foto ilustrativa

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (29) o segundo corte consecutivo nas taxas de juros do país, fixando-as na faixa de 3,75% a 4% ao ano. A decisão estava em linha com as expectativas do mercado financeiro.

Este movimento encerra um período de nove meses sem ajustes, após o primeiro corte ter sido realizado em 17 de setembro, quando a taxa foi ajustada para a banda de 4% a 4,25% ao ano. A justificativa para a nova redução reside na preocupação do Fed com o enfraquecimento do Mercado de trabalho nos EUA, mesmo com a escassez de dados atualizados devido ao shutdown, que já completa 29 dias e afeta a divulgação de indicadores econômicos essenciais.

Prédio do Federal Reserve dos EUA em Washington
Prédio do Federal Reserve dos EUA em Washington, EUA (maio/2020).

Comitê de Mercado Aberto Avalia Cenário

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) destacou em seu comunicado que os ganhos de emprego têm desacelerado ao longo do ano, enquanto a taxa de desemprego registrou um leve aumento. Indicadores recentes confirmam essa tendência, levando o Fed a priorizar a estabilidade do mercado de trabalho em detrimento do controle inflacionário, que, apesar de acima da meta de 2%, tem mostrado números abaixo do esperado recentemente.

O mandato duplo do banco central dos EUA envolve tanto a promoção do máximo emprego quanto o controle da inflação. Cortes nos juros geralmente favorecem o mercado de trabalho ao baratear o crédito, mas podem, simultaneamente, exercer pressão inflacionária. O Fomc declarou que a incerteza sobre as perspectivas econômicas permanece alta e que os riscos para o emprego aumentaram.

“O Comitê busca alcançar o máximo emprego e uma inflação de 2% no longo prazo. A incerteza em relação às perspectivas econômicas permanece elevada. O Comitê está atento aos riscos que afetam os dois lados de seu duplo mandato e avalia que os riscos de enfraquecimento do emprego aumentaram nos últimos meses”, declarou o Fomc.

Impacto no Brasil e Mercados Globais

A política monetária dos EUA tem reflexos diretos no Brasil. Juros mais baixos nos EUA tendem a diminuir a pressão sobre a taxa Selic, a taxa básica de juros brasileira. Adicionalmente, a desvalorização do dólar frente ao real pode ocorrer, atraindo investimentos estrangeiros para mercados emergentes, como o brasileiro, e contribuindo para um cenário de menor inflação no país.

A decisão do Fed ocorre em meio a um contexto de tensões comerciais globais, com a guerra tarifária promovida pelo então presidente Donald Trump, que gerou preocupações quanto ao aumento da inflação ao consumidor americano. Contudo, a desaceleração econômica observada nos EUA permitiu ao Fed agir no corte de juros.

Fachada do Federal Reserve
Fachada do Federal Reserve dos EUA.

Críticas de Donald Trump ao Fed

Paralelamente às decisões de política monetária, Donald Trump manteve sua retórica crítica ao Federal Reserve e ao seu presidente, Jerome Powell. Trump chegou a classificar Powell como “incompetente” e “teimoso”, expressando desejo por uma substituição na Liderança da instituição. Ele também tentou influenciar a composição do conselho do Fed, buscando nomear aliados com sua agenda econômica, o que gerou discussões sobre a autonomia do banco central.

O Supremo Tribunal dos EUA chegou a analisar a tentativa de demissão de Lisa Cook da Diretoria do Fed. Caso a Justiça confirme tais demissões ou permitisse a nomeação de nomes alinhados a Trump, sua influência sobre a política monetária americana poderia se expandir significativamente.

Mercados e o Cenário Econômico

Juros mais baixos nos Estados Unidos reduzem o atrativo dos títulos públicos americanos (Treasuries), incentivando investidores a buscarem retornos em mercados internacionais. Essa movimentação de capital pode fortalecer o real brasileiro e mitigar pressões inflacionárias domésticas, impactando positivamente as decisões futuras do Copom, do Banco Central do Brasil.

A análise das decisões do Fed, combinada com o cenário político e econômico dos EUA, é crucial para a compreensão das tendências financeiras globais e seus efeitos em economias como a brasileira.

Fonte: G1

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