Haddad critica Cláudio Castro: ‘Governador fez quase nada contra fraudes de combustível’

Fernando Haddad critica Cláudio Castro por inação contra fraudes de combustível, fonte de financiamento do crime organizado no Rio de Janeiro.
fraudes com combustíveis — foto ilustrativa fraudes com combustíveis — foto ilustrativa

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a atuação do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, na prevenção a fraudes com combustíveis, afirmando que o governo federal está combatendo o crime organizado “na fonte”. As declarações surgiram um dia após uma operação policial no Rio ter sido considerada a mais letal da história do estado, com um número de mortos que pode ultrapassar 100 pessoas.

“Eu penso que o governador [do Rio de Janeiro] poderia nos ajudar em relação a isso. O governo do estado do Rio tem feito praticamente nada em relação ao contrabando de combustíveis, que é como você irriga o crime organizado”, declarou Haddad a jornalistas na portaria do Ministério da Fazenda.

Segundo o ministro, o combate ao crime organizado em seus escalões superiores, responsáveis pelo financiamento, passa necessariamente pelo combate à origem do dinheiro. “Para você pegar o andar de cima do crime organizado, que é quem efetivamente tem o dinheiro na mão, e municia as milícias, tem de combater de onde está vindo o dinheiro”, prosseguiu.

Combate ao Financiamento do Crime

Haddad ressaltou que o Ministério da Fazenda tem “atuado forte” no Rio de Janeiro para reprimir o financiamento do crime organizado através de fraudes com combustíveis. Ele mencionou a apreensão recente de quatro navios e alertou para uma “guerra jurídica” em andamento para a liberação dessas mercadorias.

“O dinheiro, no caso do Rio de Janeiro, todo mundo sabe que está vindo do contrabando de combustível, da fraude tributária, da simulação de refino, da distribuição de combustível batizado. Penso que o governador deveria acordar para esse problema, que é crônico no Rio de Janeiro, e nos ajudar a combater o andar de cima”, reiterou o ministro.

O ministro argumentou que, “quando o dinheiro está irrigando o crime, é muito difícil você, na ponta, conseguir controlar. Tem de controlar pelo alto, asfixiar o crime. Ele, sem dinheiro, tem pouca capacidade de atuação”.

Haddad insistiu que Cláudio Castro “precisa acordar para esse problema crônico” e defendeu a aprovação da PEC da Segurança Pública, que visa impor uma maior integração entre governadores, o presidente da República, a Receita Federal, a Polícia Federal e o Ministério Público estadual. “Assim vamos conseguir combater o crime organizado”, concluiu.

Ministro da Fazenda Fernando Haddad em coletiva de imprensa criticando atuação sobre fraudes de combustível.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, criticou a atuação do governo do Rio de Janeiro no combate a fraudes com combustíveis.

Megaoperação contra Esquema de Combustíveis

Em agosto, uma força-tarefa nacional com cerca de 1.400 agentes deflagrou a operação Carbono Oculto, considerada a maior da história do Brasil contra o crime organizado. A ação visava desarticular um esquema bilionário no setor de combustíveis, supostamente comandado por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

O grupo é acusado de sonegar mais de R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais. A operação abrangeu oito estados brasileiros: São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

As investigações apontaram que a organização criminosa atuava na importação irregular de produtos para a cadeia de combustíveis, adulterando gasolina e etanol. A fraude teria atingido cerca de 30% dos postos em São Paulo, totalizando aproximadamente 2.500 estabelecimentos. Mais de 300 postos foram identificados atuando diretamente nas fraudes.

A Receita Federal também identificou que o PCC controlava ao menos 40 fundos de investimentos, com patrimônio de R$ 30 bilhões, utilizados para ocultação de bens e financiamento de atividades ilícitas, incluindo a compra de um terminal portuário e usinas produtoras de álcool. Mais de 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, foram investigados por crimes como ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.

Fonte: G1

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