Cláudio Castro: Aposta em Letalidade Policial em RJ sem Sucessor

Cláudio Castro aposta em letalidade policial no RJ, sem sucessor definido. Entenda a estratégia e as polêmicas em torno da segurança pública no estado.
Cláudio Castro letalidade policial RJ — foto ilustrativa Cláudio Castro letalidade policial RJ — foto ilustrativa

Sem um candidato definido para sua sucessão no Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) tem direcionado suas ações para a pauta de segurança pública, buscando eleger a letalidade policial como sua principal bandeira eleitoral. O partido do governador, o PL, tem negociado com o prefeito Eduardo Paes, uma aproximação que gerou descontentamento no senador Flávio Bolsonaro, especialmente por Paes também ser apoiado pela base governista ligada ao presidente Lula.

A estratégia de Castro inclui a adoção de uma retórica inspirada em Donald Trump, rotulando criminosos como “narcoterroristas”. Essa abordagem visa capitalizar o apelo popular da extrema-direita, que tende a endossar políticas de tolerância zero. No entanto, a política de “bandido bom é bandido morto” pode gerar um ciclo vicioso, onde a Substituição de criminosos e armamentos apreendidos é constante.

ADPF das Favelas: De Triunfo a Vilã

Em sua defesa, Cláudio Castro citou a Ação de Descumprimento de Direito Fundamental 635, conhecida como ADPF das Favelas, como fator para a insegurança que motivou a operação. Em abril, após o Supremo Tribunal Federal (STF) flexibilizar a liminar que impunha restrições às ações policiais, o governador chegou a celebrar a decisão como uma “Vitória da segurança pública”. Contudo, seis meses depois, a mesma ADPF é apontada como responsável pelo cenário de instabilidade.

O Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, rebateu as acusações de Castro, afirmando que não recebeu qualquer solicitação de auxílio direto do governador Fluminense. A única demanda recebida pelo Ministério foi um pedido de blindados do Exército para incursões em comunidades. A utilização de tais veículos militares, no entanto, exigiria uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), algo que não foi formalizado. A última GLO no Rio de Janeiro ocorreu em 2018, período marcado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, e que também coincidiu com o fortalecimento da extrema-direita no estado.

Coordenação Nacional e Recursos Federais

Castro reconhece que o crime organizado no Rio de Janeiro transcende as fronteiras Estaduais. Paradoxalmente, o PL, partido do governador, tem sido um obstáculo à aprovação da PEC da Segurança, que visa estabelecer condições para a atuação da União no combate ao crime organizado. Essa postura contraditória, de reconhecer o problema nacional e obstruir soluções coordenadas, levanta questionamentos sobre a real intenção de Castro em resolver a questão de forma estrutural.

O Ministério da Justiça, por sua vez, divulgou que o governo do Rio não utilizou todos os recursos federais repassados para os fundos penitenciário e de segurança. A pasta também informou sobre acordos para produção de relatórios de inteligência financeira que poderiam desarticular as bases financeiras do crime organizado, com a identificação de R$ 65 bilhões em valores suspeitos. Contudo, o governador parece priorizar ações de maior impacto visual e midiático, que geram mais votos no curto prazo.

Fonte: Valor Econômico

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