Fintechs nos EUA Buscam Acesso Direto ao Sistema de Pagamentos do Fed

Fintechs nos EUA podem ganhar acesso direto ao sistema de pagamentos do Fed. A mudança histórica afetaria bancos e o futuro das transações financeiras.
Sede do Federal Reserve nos Estados Unidos, representando o acesso direto ao sistema de pagamentos do Fed. Sede do Federal Reserve nos Estados Unidos, representando o acesso direto ao sistema de pagamentos do Fed.

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, está considerando uma mudança significativa que pode conceder a grandes fintechs, como Circle e Stripe, Acesso direto à sua infraestrutura de pagamentos. Essa possibilidade representa um privilégio historicamente restrito a bancos tradicionais.

A proposta em pauta envolve a criação de contas-mestre ‘magras’, versões simplificadas das contas bancárias usadas para transações diárias. Embora essas contas excluam benefícios como Acesso a juros e empréstimos, elas ofereceriam às fintechs selecionadas uma linha direta com o sistema central do Fed.

Segundo Roman Goldstein, diretor sênior do Klaros Group e ex-analista do Fed, o objetivo é permitir que novos participantes acessem os trilhos de pagamento sem a obrigação de resgate implícito por parte do Fed. Para empresas como a Circle, isso significaria manter as reservas dos clientes diretamente no Fed, reduzindo Custos e o risco de contraparte.

Christopher Waller, governador do Fed, destacou em uma conferência em Washington D.C. que a evolução do cenário de pagamentos justifica a análise de novas contas. Waller é um dos nomes cotados para a sucessão de Jerome Powell na presidência do Fed.

A mudança pode impactar os bancos intermediários, que lucram com serviços de back-end para fintechs. A perda dessa Receita pode ser considerável, uma vez que esses bancos atuam como guardiões do sistema de pagamentos.

No entanto, o papel dos bancos patrocinadores vai além das transações, oferecendo infraestrutura de conformidade e monitoramento antilavagem de dinheiro. As fintechs que operarem de forma independente precisarão replicar ou terceirizar essas funções.

Sean Willet, CEO do Lincoln Savings Bank, expressou otimismo, ressaltando que o banco oferece mais do que apenas serviços de pagamento. Ele acredita que, mantendo sua filosofia de entrega, o banco não será afetado significativamente.

A ação do Fed representaria um passo discreto, mas importante, em direção a um tratamento mais similar entre fintechs e bancos regulamentados, em um cenário de rápida convergência de modelos de negócios.

Empresas do setor de criptoativos, como a Circle, já buscam alternativas para se conectar à infraestrutura do Fed, incluindo licenças bancárias especializadas. No entanto, a implementação de sistemas de pagamento tem sido um desafio.

O caso do Custodia Bank, que entrou com um processo contra o Fed por atraso na análise de sua licença SPDI, exemplifica as dificuldades enfrentadas. O litígio ainda está em andamento em instância de apelação.

Em resposta à pressão do setor, o Fed implementou um sistema de revisão em camadas para aprovações de contas. O Anchorage Digital Bank, por exemplo, solicitou uma designação de ‘nível 3’, que implica em análises rigorosas, servindo como um indicador para outras empresas como Circle e Stripe.

Na Europa, fintechs já acessam infraestruturas de pagamento através de licenças de Instituição de Dinheiro Eletrônico (EIM), um modelo que oferece Acesso a pagamentos sem direitos de empréstimo. O plano de Waller espelharia essa estrutura, focando nos trilhos principais de pagamento.

“Esta é uma nova era para o Federal Reserve em termos de pagamentos”, afirmou Waller, indicando uma mudança importante para o futuro do sistema financeiro.

Federal Reserve Building em Washington D.C.
Sede do Federal Reserve nos Estados Unidos.

Fonte: Valor Econômico

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