Nexperia: Intervenção Holandesa Ameaça Existência da Gigante de Chips

Nexperia enfrenta ‘ameaça existencial’ após intervenção holandesa assumir controle administrativo. Empresa alerta para risco de empregos e paralisação.
Nexperia intervenção holandesa — foto ilustrativa Nexperia intervenção holandesa — foto ilustrativa

A fabricante de semicondutores Nexperia enfrenta uma “ameaça existencial” após o governo da Holanda assumir o controle administrativo da empresa. A controladora chinesa, Wingtech, alerta que essa medida coloca em risco centenas de empregos na Holanda, Alemanha e Reino Unido.

A intervenção holandesa provocou a saída de funcionários-chave da Nexperia, que produz chips essenciais para a indústria automotiva, e paralisou diversas operações industriais. A Wingtech informou que funcionários na China foram orientados a ignorar diretrizes da matriz europeia.

Disputa Pública pela Nexperia

A sede holandesa da Nexperia e suas operações na China estão no centro de uma disputa cada vez mais acirrada. O cenário global de escassez de chips automotivos, essenciais para veículos modernos, agrava a situação. Montadoras e fornecedores buscam garantir estoques para evitar paralisações na produção.

A Nexperia, adquirida por um consórcio chinês em 2017 e posteriormente pela Wingtech, foi incluída na lista de entidades restritas do Departamento de Comércio dos EUA no ano passado. O Governo holandês justificou a intervenção alegando “graves falhas de governança”.

Impacto na Produção Global de Chips

A Wingtech sugere que as ações do governo holandês visam facilitar a transferência de controle para uma nova empresa de capital holandês. No entanto, a controladora chinesa acredita que qualquer sucessora estaria condenada ao fracasso, pois os clientes não a acompanhariam.

Gráfico de lucro da Nexperia, mostrando a saúde financeira da empresa afetada pela intervenção holandesa.
A Nexperia registrou lucro líquido de US$ 102 milhões no terceiro trimestre.

A Nexperia fabrica wafers de semicondutores na Alemanha e no Reino Unido, mas 80% de sua etapa final de embalagem e testes ocorrem na China. A Wingtech argumenta que a desconexão das operações chinesas com as europeias resultaria na perda da maior parte da capacidade de produção, um vácuo que não seria preenchido pela Europa ou outras regiões no futuro próximo.

Motivações por Trás da Intervenção

As preocupações com a governança da Nexperia parecem ter se intensificado com a decisão do acionista controlador da Wingtech, Zhang Xuezheng, de construir uma nova fábrica em Xangai, fora da estrutura da Nexperia e da própria Wingtech. Documentos indicam que Zhang pressionou a Nexperia a fazer grandes pedidos para essa nova planta, o que foi rejeitado por executivos europeus.

Zhang foi destituído do cargo de CEO após a intervenção holandesa, movimento que teria sido influenciado por alertas de Washington. A pressão americana indicava que a Nexperia permaneceria na lista de restrições comerciais se Zhang continuasse no comando.

Reações da Indústria e Governos

A Nexperia afirmou que a decisão holandesa foi motivada pela “grave má gestão do ex-CEO” e que suas operações fora da China seguem normais. A empresa defende que “uma desescalada é do interesse de todos os envolvidos”.

Enquanto isso, montadoras europeias expressam preocupação com possíveis impactos na produção. Volvo e Volkswagen alertaram para a possibilidade de interrupção temporária de fábricas na Europa. A Bosch também indicou que pode suspender operações na Alemanha, levando a afastamentos temporários de funcionários. O diretor-presidente da Ford, Jim Farley, mencionou que o governo dos EUA está atuando para solucionar a crise de semicondutores.

A Comissão Europeia esperava discutir o tema com o ministro do Comércio da China, Wang Wentao. Embora ele não deva mais integrar a delegação chinesa, técnicos de alto nível se reunirão para abordar matérias-primas Críticas e o caso Nexperia.

Apesar do conflito, a Wingtech ressaltou que a Nexperia é uma empresa próspera, com lucro líquido de US$ 102 milhões no terceiro trimestre e Receita de US$ 603 milhões. A controladora chinesa critica as ações do governo holandês como “irresponsáveis” e de motivos “obscuros”.

Fonte: Folha de S.Paulo

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