A decisão sobre os juros do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, está marcada para esta quarta-feira (29). Em meio a um shutdown do Governo que paralisa a coleta de dados econômicos, o comitê de política monetária enfrenta o dilema de manter o ciclo de corte de juros ou fazer uma pausa. Para José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, a tendência é que o Fed opte por antecipar um corte agora, evitando a necessidade de um ajuste maior em dezembro.
A reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) ocorrerá sem dados atualizados sobre a economia, devido à Suspensão de serviços não essenciais do governo, incluindo a coleta de informações econômicas. Assim, o comitê precisará basear sua decisão em dados anteriores ao shutdown e em indicadores alternativos da atividade econômica. A próxima reunião está agendada para os dias 9 e 10 de dezembro.
Risco de decisão errada no Fed
O Fed corre o risco de uma decisão equivocada, que poderia tanto acelerar o processo inflacionário quanto estagnar a economia, prolongando o tempo de recuperação. O desafio é dosar a política monetária sem ter um panorama completo da situação.
“Sem Acesso às informações mais recentes do mercado de trabalho, e a resposta dos preços às tarifas, a reunião do Fomc de outubro deve ser movida integralmente pelo medo de ficar atrás da curva novamente”, afirma Alfaix. Ele sugere que “melhor antecipar um corte em outubro em vez de esperar e ter de realizar cortes maiores em novembro”.
Em setembro, o Fed já havia reduzido os juros em 0,25 ponto percentual, levando a nova taxa para a faixa de 4% a 4,25%. A expectativa do Mercado é de mais um corte de mesma intensidade.
A paralisação do governo norte-americano, conhecida como shutdown, iniciou em 1º de outubro devido à falta de consenso orçamentário entre o Congresso e o Executivo. O ano fiscal nos EUA começa em 1º de outubro, e sem acordo sobre a liberação de verbas, diversas atividades federais são suspensas, incluindo a coleta de dados cruciais para a tomada de decisão do Fed.
O impasse político e seus custos
O principal ponto de divergência no Congresso gira em torno da extensão dos subsídios federais ao Affordable Care Act (ACA), popularmente conhecido como “Obamacare”. Enquanto os Democratas defendem a manutenção e o avanço da lei, que visa tornar os planos de saúde mais acessíveis, o Partido Republicano se opõe a ela.
“É uma sinuca de bico. Por um lado, o shutdown é uma resposta dos democratas à impositividade de Trump, que tem conseguido governar com enorme liberdade até então. Por outro, o elevado custo político da paralisação pode fazer com que a oposição tenha de ceder primeiro”, analisa Alfaix.
O impacto financeiro do shutdown é estimado em cerca de US$ 1 bilhão por dia útil. Além disso, a paralisação deve afetar o pagamento de quase 1,8 milhão de servidores federais até o final do mês.
Fonte: InfoMoney