Juros Futuros Estáveis com Alívio Brasil-EUA e Foco no Caged

Juros futuros estáveis com alívio nas tensões Brasil-EUA. Mercado aguarda Caged e realiza lucros após queda semanal. Entenda o cenário.
Gráfico de percentual de taxas de juros, indicando a estabilidade dos juros futuros e a queda em outros mercados. Gráfico de percentual de taxas de juros, indicando a estabilidade dos juros futuros e a queda em outros mercados.

Os juros futuros registraram pouca variação no fechamento do pregão desta segunda-feira (27), destoando do otimismo dos demais mercados domésticos. Apesar de um dia positivo impulsionado pela redução das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos e pelo recuo nas expectativas de inflação do relatório Focus, as taxas de juros encontraram resistência para aprofundar a queda observada na semana anterior, em um movimento de realização de lucros, segundo análise de participantes do mercado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2027, por exemplo, encerrou o dia em alta de 13,835%, ante 13,815% do ajuste anterior. Já o DI para janeiro de 2029 registrou leve alta de 13,035% para 13,045%, enquanto o DI para janeiro de 2031 oscilou de 13,315% para 13,31%.

Alívio nas Tensões Comerciais e Inflação Benigna

O dia iniciou com um sentimento positivo, com as taxas prefixadas chegando a cair até 70 pontos-base. A melhora foi atribuída à reunião entre o presidente Lula e Donald Trump, que gerou a expectativa de uma diminuição ou retirada das tarifas americanas sobre exportações brasileiras, afastando o risco de escalada nas tensões entre os dois países. Adicionalmente, o relatório Focus reforçou a perspectiva de uma inflação mais controlada, com quedas nas projeções para o IPCA em 2025 (de 4,70% para 4,56%) e 2026 (de 4,27% para 4,20%). As expectativas para 2028 também recuaram, de 3,60% para 3,54%, e para 2027, de 3,83% para 3,82%.

Gráfico de percentual de taxas de juros, indicando a estabilidade dos juros futuros.
Juros futuros fecham perto da estabilidade após sequência de quedas.

Realização de Lucros e Foco no Mercado de Trabalho

No entanto, os juros futuros se afastaram das mínimas intradiárias no final da manhã, oscilando em torno dos ajustes. Operadores de renda fixa apontam para um menor fôlego das taxas prefixadas após cinco pregões seguidos de queda, com o Mercado realizando lucros. Segundo um operador de um importante banco local, a precificação atual pode estar “esticada”, com o mercado já embutindo um ciclo de queda da Selic de aproximadamente 277 pontos-base, considerado expressivo.

Guilherme Baran, gestor de renda fixa da SulAmérica Investimentos, ressalta que o mercado aguarda mais do que a melhora do quadro inflacionário para precificar cortes adicionais de juros. O foco agora se volta para a divulgação do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) na quinta-feira. “Se o mercado de trabalho mostrar sinais de fraqueza, o cenário fica bem mais claro para aplicar os juros”, afirma Baran.

A postura conservadora dos membros do Copom e a resiliência do mercado de trabalho limitam, por ora, a precificação de um ciclo de cortes da Selic superior a 2,5 a 3 pontos percentuais.

Gráfico de tendência de juros futuros com oscilações no dia.
Juros futuros apresentaram pouca variação após cenário inicial otimista.

Desempenho das NTN-Bs e Projeções Futuras

Em contraste com os juros futuros, as taxas das NTN-Bs (títulos atrelados à inflação) apresentaram maior espaço para queda de prêmios, especialmente nos vencimentos de curto a médio prazo. O juro real do papel com vencimento em agosto de 2028, por exemplo, recuou de 8,23% para 8,17%.

André Muller, economista-chefe da AZ Quest, explica que este movimento é esperado, uma vez que o mercado já ajustou as medidas de inflação implícita. Com as projeções de inflação para os próximos três anos em patamares mais baixos, a performance das NTN-Bs tende a se alinhar mais com a dos outros mercados. “A inflação esperada para os próximos três anos não está em patamares tão altos. Com isso, a performance das NTN-Bs vai ficar mais em linha com a dos demais mercados”, projeta Muller.

Fonte: Valor Econômico

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