Fed: Juros nos EUA podem cair 0,25 p.p. apesar de ‘apagão’ de dados

Fed deve cortar juros em 0,25 p.p. em outubro e dezembro, aponta Banco Inter, mesmo com ‘apagão’ de dados nos EUA. Veja projeções.
Fed cortar juros — foto ilustrativa Fed cortar juros — foto ilustrativa

Apesar do ‘apagão’ de dados oficiais devido à paralisação do Governo, o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos deve anunciar um novo corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) na taxa de juros. A projeção é do Banco Inter, que ressalta a crescente importância de indicadores alternativos para a tomada de decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).

André Valério, coordenador de pesquisa macroeconômica do Inter, avalia que a duração da paralisação governamental aumenta o risco de danos à economia, reforçando a tendência de afrouxamento monetário. Para 2026, Valério considera incerto um corte adicional, dependendo de uma nova fraqueza no Mercado de trabalho.

“Apesar do apagão de dados, o Fed deve cortar 25 pb em outubro e dezembro; a duração atípica do shutdown eleva o risco de danos econômicos e reforça a inclinação a afrouxar. Para 2026, um corte adicional é incerto e dependerá de nova fraqueza do mercado de trabalho”, avalia Valério.

Fed em ‘desvantagem’, mas com dados alternativos

Desde 1º de outubro, a ausência de aprovação do plano fiscal pelo Congresso paralisou serviços não essenciais nos EUA, incluindo a coleta de Estatísticas socioeconômicas. Valério observa que os dados disponíveis antes da paralisação indicam uma continuidade do cenário, com alguns sinais de queda na criação de emprego e outros de estabilidade.

Indicadores alternativos, como os da ADP sobre folha de pagamento privada, substituem parcialmente os dados do payroll. Em setembro, a ADP mostrou uma redução líquida de 32 mil vagas, indicando “clara tendência de queda” na geração de empregos, segundo o especialista.

O índice de emprego temporário da American Staffing Association, por outro lado, registrou um leve crescimento de 1,2% em outubro em comparação com o ano anterior. Este índice é visto como um indicador antecedente para vagas formais, pois trabalhadores temporários são os primeiros a serem demitidos em desacelerações.

“Uma justificativa pela melhora do desempenho desde julho pode ser a elevada incerteza causada pelas tarifas, que pode ter levado as empresas a optarem por trabalhadores temporários até que a incerteza se dissipe de maneira satisfatória”, explica Valério. O Fed de Chicago, apesar do shutdown, continua compilando estatísticas de trabalho, que apontam a taxa de desemprego de setembro variando marginalmente e a taxa de admissão aumentando levemente.

Pressões inflacionárias persistem

Ao mesmo tempo, Valério aponta que persistem pressões inflacionárias originadas das tarifas.

Os dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) divulgados até o momento indicam uma reaceleração na inflação de bens. O especialista estima que os repasses desses custos continuem, podendo elevar a inflação anual acima de 3%. Apesar de o dado oficial de inflação de setembro ter vindo abaixo do esperado, o especialista atribui isso à dinâmica de compensação, onde a desinflação em serviços (como aluguéis) neutraliza a pressão de alta sobre a inflação de bens.

PIB americano mostra resiliência

Em contraste com as pressões inflacionárias, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) americano exibe forte resiliência. Mesmo com a desaceleração observada no mercado de trabalho, a atividade econômica não foi significativamente afetada.

A estimativa (“nowcast”) do PIB para o 3º trimestre, projetada pelo Fed de Atlanta, aponta um crescimento anualizado de 3,9%. O índice de atividade econômica semanal do Fed de Dallas também sugere a continuidade da “robustez” da atividade econômica.

“Esperamos que o Fed entregue os cortes de 25 pontos base em cada uma das reuniões até o fim do ano. Ainda assim, o cenário não parece ser consistente com uma economia necessitada de apoio da política monetária, o que torna o cenário para os juros em 2026 mais incerto. O Fed planeja cortar mais uma vez em 2026, mas, a não ser que o mercado de trabalho continue enfraquecendo, talvez não haja espaço para esse corte”, conclui Valério.

Fonte: InfoMoney

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