Argentina em Votação: Milei Testa Apoio a Reformas em Eleições Cruciais

Argentina vota em eleições legislativas cruciais que testarão o apoio às reformas de Javier Milei e seu impacto na economia e no Congresso.
Javier Milei — foto ilustrativa Javier Milei — foto ilustrativa

Os argentinos vão às urnas neste domingo em eleições legislativas que representam um teste de fogo para o apoio às reformas de livre Mercado e às medidas de austeridade propostas pelo presidente Javier Milei. O resultado determinará se ele terá a força política necessária para prosseguir com sua agenda econômica de profunda transformação.

Desempenho Eleitoral: Um Marco para o Governo de Milei

O partido La Libertad Avanza, de Milei, busca ampliar significativamente sua atual e pequena minoria no Congresso. O objetivo é não apenas reforçar a confiança dos investidores internacionais na visão econômica do presidente, mas também sinalizar ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que a Argentina está no caminho certo para receber um robusto resgate financeiro, anteriormente condicionado a bons resultados eleitorais.

Em um comício de encerramento de campanha em Rosário, Milei expressou otimismo: “Não desistam porque estamos na metade do caminho. Estamos em um bom caminho.”

Disputa no Congresso: Metade da Câmara e um Terço do Senado em Jogo

A votação de meio de mandato colocará em disputa metade da Câmara dos Deputados Argentina, correspondente a 127 assentos, e um terço do Senado, com 24 vagas em jogo. Atualmente, o movimento de oposição peronista detém a maior minoria em ambas as casas, enquanto o partido de Milei conta com apenas 37 deputados e seis senadores. Os resultados preliminares são esperados a partir das 21h (horário de Brasília).

Milei votou na manhã deste domingo em Buenos Aires, acenando para os apoiadores, mas sem declarações. Em centros de votação, eleitores demonstraram apoio à agenda de reformas. “Milei está arriscando tudo por uma mudança profunda e precisa de apoio porque não é uma tarefa fácil depois de anos de populismo”, comentou Cecilia Juarez, estudante universitária de 22 anos, em referência aos governos peronistas que marcaram grande parte da política Argentina nas últimas cinco décadas.

Contudo, o professor universitário Silvio Caballero, 54 anos, expressou ceticismo: “O crescimento econômico está muito lento, não sei quando conseguiremos ser um país de primeiro mundo.”

Impacto das Reformas e Popularidade Presidencial

A Casa Branca e investidores estrangeiros têm demonstrado satisfação com a capacidade do Governo argentino em reduzir drasticamente a inflação mensal — de 12,8% para 2,1% no último mês — e em alcançar um superávit fiscal. A aprovação de medidas abrangentes de desregulamentação também foi vista positivamente.

Apesar desses avanços, a popularidade de Milei tem sofrido quedas nos últimos meses. A frustração pública com os cortes nos gastos sociais e um escândalo de corrupção envolvendo sua irmã, chefe de gabinete, têm minado o apoio ao presidente.

“O ajuste de Milei foi feito com traição e crueldade”, criticou Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires, em um evento de campanha da oposição peronista. “Eles desfrutam de cada vítima dos cortes.”

Análises e Cenários Futuros

Especialistas políticos indicam que obter mais de 35% dos votos seria um resultado expressivo para o governo Milei. Tal desempenho poderia facilitar a formação de alianças no Congresso para bloquear propostas de parlamentares da oposição que ameacem o equilíbrio fiscal argentino, segundo análise de Maria Laura Tagina, cientista política da Universidad Nacional de San Martín. Ela ressalta que o movimento peronista enfrentará um desafio maior, visto que mais cadeiras estão em disputa para eles.

Há expectativas de que Milei promova uma reforma ministerial após as eleições, possivelmente incluindo membros do partido centrista PRO, aliado frequente do governo e liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri. A renúncia do ministro das Relações Exteriores, Gerardo Werthein, já sinaliza possíveis mudanças.

A eleição é vista de perto pela Casa Branca, especialmente em relação ao resgate de US$40 bilhões prometido por Trump, que inclui um swap cambial de US$20 bilhões e um potencial mecanismo de investimento em dívida de outros US$20 bilhões.

Analistas preveem uma possível desvalorização do peso argentino após os resultados, uma vez que a moeda é considerada supervalorizada para fins de controle inflacionário. Um desempenho eleitoral aquém do esperado para o partido de Milei poderia intensificar um ajuste mais acentuado na política cambial.

Fonte: InfoMoney

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