Senado Prefere Pacheco ao STF; Oposição Vê Messias como ‘Novo Dino’

Senado demonstra preferência por Rodrigo Pacheco para vaga no STF, enquanto oposição vê Jorge Messias como ‘novo Dino’. Entenda a disputa.
Senado prefere Pacheco ao STF — foto ilustrativa Senado prefere Pacheco ao STF — foto ilustrativa

A disputa pela vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), aberta com a Aposentadoria de Luís Roberto Barroso, tomou um rumo inesperado no Senado. Pela primeira vez em indicações recentes do presidente Lula, há uma preferência declarada de parte dos senadores por um nome próprio, o do atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Embora Lula ainda não tenha anunciado oficialmente sua escolha, ele comunicou a aliados sua intenção de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias. Essa decisão enfrenta resistência dentro do Senado, especialmente de setores da oposição.

Oposição Critica Nome de Jorge Messias

Parte da oposição enxerga Jorge Messias como um reflexo de Flávio Dino, e demonstra relutância em aprovar sua indicação. Outro grupo, ligado a partidos do centrão como PP e União Brasil, expressa apoio a Pacheco, mas demonstra disposição em endossar a escolha de Lula, buscando votos para o nome indicado pelo presidente.

Os defensores de Pacheco argumentam que seu conhecimento político e sua capacidade de atuar como uma ponte entre o Legislativo e o Judiciário poderiam mitigar a tensão entre os Poderes. Sua atuação em momentos cruciais, como os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, e sua postura pró-vacinação durante a pandemia de Covid-19 são frequentemente citados como credenciais importantes.

O senador Otto Alencar (PSD-BA), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), ressaltou o crédito de Pacheco junto aos senadores, destacando seu papel em momentos de crise. Ele admitiu que a preferência majoritária é por Pacheco, mas afirmou que, como membro da base aliada, trabalhará pela aprovação do indicado presidencial, respeitando o rito regimental.

‘Queremismo’ pelo Pacheco no Senado

Efraim Filho (PB), líder do União Brasil, ecoou o sentimento de preferência por Pacheco, considerando que sua indicação seria mais adequada para aliviar a tensão entre os poderes. Ele enfatizou que a Defesa de Pacheco não é uma rejeição a Messias, mas sim uma aposta em um nome considerado mais alinhado com a estabilidade institucional.

Sob condição de sigilo, um integrante do PP manifestou preocupação com a possibilidade de Messias ser rejeitado, o que seria inédito na história da Casa. Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Senado, tem evitado pronunciamentos públicos sobre as conversas com Lula, mas aliados indicam que ele alertou o presidente sobre o risco de uma eventual derrota na sabatina de Messias.

Senadores petistas, por outro lado, preferem não fazer prognósticos negativos. Jaques Wagner (PT-BA), líder do Governo no Senado, defende que a decisão é prerrogativa do presidente e que Lula possui convicção sobre a escolha de Messias. Lula, inclusive, já expressou em outras ocasiões que vê Pacheco como um nome forte para o governo de Minas Gerais, um estado estratégico para 2026.

Senadores em sessão no Senado Federal.
Senado Federal. Foto ilustrativa.

Oposição Vê Messias como Reflexo de Dino

Entre a oposição mais ferrenha a Lula, o nome de Messias é amplamente rejeitado. Membros do PL, sob anonimato, descrevem o advogado-geral da União como um ativista, comparando-o a Flávio Dino. Um senador da oposição declarou: “Ele [Messias] tem uma pegada de censura muito similar à do Dino”. Eduardo Girão (Novo-CE) reforçou essa visão, criticando o que considera um “pessoalismo” no STF, com a presença de Dino, ex-ministro de Lula, e Cristiano Zanin, advogado pessoal do presidente.

Por outro lado, o nome de Messias conta com o apoio do líder do Republicanos no Senado, Mecias de Jesus (RR). Embora evangélicos, como Messias, o senador afirmou que seu voto será baseado em critérios de capacidade jurídica e conhecimento. Ele não acredita em dificuldades para a aprovação de Messias, mas reconhece que Pacheco seria o candidato preferido do Senado, capaz de alcançar a unanimidade.

Imagem institucional do Supremo Tribunal Federal (STF).
Supremo Tribunal Federal (STF). Foto ilustrativa.

A escolha para o STF reflete as complexas negociações políticas em Brasília, onde o Senado busca afirmar sua influência na indicação de ministros. A preferência por Pacheco indica uma possível divergência entre a intenção do Executivo e a vontade do Legislativo, adicionando um elemento de tensão à dinâmica entre os poderes.

Fotografia do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado. Foto ilustrativa.

Fonte: Folha de S.Paulo

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