A incorporadora Magik JC anunciou o lançamento de um empreendimento inovador na região central de São Paulo, oferecendo apartamentos de três dormitórios com 40 metros quadrados (m²). O projeto, localizado a poucos minutos da estação de metrô Marechal Deodoro, contará com 258 unidades, das quais 82 são de três quartos e terão valor a partir de R$ 380 mil.
Essa tipologia se enquadra na categoria de Habitação de Mercado Popular (HMP), direcionada a famílias com renda mensal entre seis e 10 salários mínimos (R$ 15.180). “Estamos realizando um teste para avaliar o desempenho de vendas deste formato de imóvel”, afirma André Czitrom, CEO da Magik JC.
Expansão da Magik JC no Centro de SP
A empresa tem focado seus investimentos na região central paulistana desde 2016, impulsionada pelo Plano Diretor de São Paulo. Até o momento, a Magik JC já desenvolveu 32 edifícios na área, com especial atenção aos bairros da Barra Funda, Santa Cecília e Campos Elíseos. A expectativa é lançar mais três projetos até o final do ano, todos alinhados ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), totalizando um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 215 milhões.
As unidades de três quartos deste novo lançamento podem ser adquiridas através da Faixa 4 do MCMV, que permite financiamentos de até R$ 500 mil.
Design e Funcionalidade de Imóveis Ultracompactos
Czitrom garante que, apesar do tamanho compacto, os imóveis foram projetados para oferecer conforto. “É uma planta inédita, mas não abrimos mão de fundamentos básicos de boa habitabilidade. No quarto, tem tamanho adequado para a cama e um espaço no entorno dela, e na área social tem espaço o suficiente para uma família de quatro pessoas sentar e comer”, detalha.
A estratégia para tornar o imóvel rentável neste formato envolve a Eliminação ou redução de elementos como corredores e varandas. A demanda por espaços adaptados para o trabalho remoto, intensificada pela pandemia, inspirou essa solução, conforme explica o executivo.
“Uma família de menor renda, mas que tem poupança, não pode comprar um imóvel novo de três quartos nesta região. Vai custar mais de R$ 1 milhão e ela não vai conseguir financiar”, argumenta Czitrom, ressaltando a lacuna de Mercado que a empresa busca preencher.
O projeto, batizado de Bem Viver Angélica, contará com uma torre única e já possui um stand de vendas em frente à Praça Olavo Bilac. A previsão de entrega é para daqui a dois anos.
Outras Tipologias e Benefícios Sociais
Além das unidades de três quartos, o empreendimento oferecerá apartamentos de um dormitório (25 m²) a partir de R$ 230 mil, e de dois dormitórios (33 m² e 34 m²) por R$ 262 mil. Essas tipologias se encaixam em Habitação de Interesse Social (HIS), voltadas para famílias com rendas específicas, atendidas pelas Faixas 1 e 2 do programa, que variam de até R$ 4.554,00 a R$ 9.108,00.
O Bem Viver Angélica incluirá uma gama de comodidades, como coworking, salão de festas, minimercado, lavanderia coletiva, brinquedoteca, espaço de leitura e salão de jogos. Há também pet place, espaço beleza, sala de massagem, churrasqueira, horta comunitária, quadra esportiva, redário, espaço com fogueira e playground.
A estética do projeto homenageia a arquitetura das décadas de 1950 e 1960 da região de Campos Elíseos. “Se faço um prédio espelhado aqui, eu acabo com a praça. Queremos que o edifício converse com a região”, explica Czitrom.
O terreno de 1.428 m², anteriormente ocupado por uma gráfica, foi escolhido estrategicamente. A busca por lotes de 800 m² a 1 mil m², que pertenciam a estacionamentos, mecânicos ou imóveis comerciais desocupados, é parte da estratégia para garantir a lucratividade em segmentos econômicos.
Incentivos para Habitação de Interesse Social
Para ser classificado como habitação de interesse social, um projeto precisa de alvará da Prefeitura de São Paulo, cumprindo normas técnicas como destinar 80% da área computável do VGV às unidades HIS/HMP, com proibição de locação de curta temporada.
As incorporadoras que desenvolvem esses projetos se beneficiam de incentivos significativos. Entre eles, a possibilidade de maior aproveitamento do terreno, construindo mais andares ou unidades sem custo adicional de outorga onerosa, além de redução ou isenção de taxas urbanísticas, ISS e IPTU. Esses projetos também passam por aprovação mais rápida e, em alguns casos, podem receber terrenos públicos.
Cristina Wehba, arquiteta e urbanista, considera positiva a produção de habitação popular em áreas centrais bem estruturadas. Contudo, ela alerta sobre o desafio de conciliar as lógicas de mercado com as necessidades da habitação popular. “Essas iniciativas podem funcionar, desde que haja fiscalização do poder público e os incentivos não sejam só uma vantagem para o mercado, mas também atenda as necessidades das famílias”, ressalta.
Fonte: Estadão