Queda Forte nos Juros Futuros: IPCA-15 Surpreende Positivamente o Mercado

Juros futuros despencam com IPCA-15 surpreendente abaixo do esperado. Números nos EUA também colaboram para otimismo no mercado de renda fixa.
Gráfico de juros futuros em queda após divulgação do IPCA-15. Gráfico de juros futuros em queda após divulgação do IPCA-15.

Os mercados de renda fixa registraram uma acentuada queda nas taxas nesta sexta-feira (24), impulsionados pelos dados do IPCA-15 de outubro, a prévia da inflação oficial do Brasil. O índice surpreendeu positivamente os agentes, apresentando não apenas um resultado mensal inferior ao esperado, mas também uma melhora nos núcleos e nos preços de serviços, componentes cruciais para as decisões futuras do Banco Central (BC) sobre a política monetária.

O otimismo local foi amplificado pela divulgação de números da inflação ao consumidor nos Estados Unidos, que também vieram abaixo das projeções. Essa combinação de fatores resultou em uma forte queda não apenas nos juros futuros, mas também nos juros reais das NTN-B. O dia encerra uma semana particularmente positiva para as taxas domésticas, que recuaram pelo quinto pregão consecutivo.

Ao final dos negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2027 caiu de 13,875% para 13,805%. A taxa do DI com vencimento em janeiro de 2029 cedeu de 13,125% para 13,03%, e a do DI de janeiro de 2031 registrou uma queda de 13,415% para 13,30%.

No Mercado de NTN-B, próximo ao encerramento do pregão, o juro real da papel atrelado à inflação com vencimento em agosto de 2030 despencou de 7,98% (fechamento de ontem) para 7,88%. A taxa da NTN-B para agosto de 2060 recuou de 7,21% para 7,17%.

Gráfico de juros futuros em queda após divulgação do IPCA-15.
Queda nos juros futuros reflete dados de inflação mais baixos que o esperado.

Com uma alta de 0,18% na comparação mensal e números mais benignos em componentes essenciais para a política monetária, como a média dos núcleos, serviços subjacentes e intensivos em mão de obra, o IPCA-15 de outubro confirmou o cenário otimista que uma parcela do mercado já antecipava desde o início da semana.

Gestores e operadores de renda fixa relataram, sob condição de anonimato, um movimento de aumento de exposição à renda fixa local nas vésperas da divulgação do dado de inflação. O estopim inicial foi a revisão baixista das projeções para o IPCA de 2027 e 2028, conforme mostrou o relatório Focus. Diante da ausência de outros indicadores relevantes, os investidores aproveitaram para adotar posições aplicadas, que apostam na queda das taxas, antes desta sexta-feira.

O forte movimento nas NTN-Bs, que na última sexta-feira haviam retornado aos maiores patamares do ano, chamou atenção. Desde segunda-feira, vencimentos de prazos intermediários e longos da curva de juros reais acumularam um alívio de cerca de 3%. A taxa da NTN-B para maio de 2035, por exemplo, saiu de uma máxima de 7,79% no fim da semana passada para 7,51% no fechamento de hoje.

Juros Prefixados e Expectativas para a Selic

Na parte dos juros prefixados, o mercado mostrou maior otimismo quanto às chances de o Banco Central antecipar o início do ciclo de flexibilização monetária, bem como com a possibilidade de um corte na Selic ser mais profundo do que o anteriormente precificado na curva.

No mercado de opções digitais de Copom, a probabilidade de um corte de 0,25 ponto percentual já em dezembro aumentou levemente, de 9,5% para 12%. Já para janeiro, a chance de a Selic ser mantida recuou de 52% para 46%, enquanto as chances para cortes de 0,25 e 0,5 ponto somam 24,5% e 22%, respectivamente.

Também foi observada uma melhora relevante na perspectiva para a Selic precificada na curva de juros futuros. Agora, os agentes embutem nos preços um juro básico de 12,5% no final de 2026, com chance de início dos cortes já em janeiro. Há pouco, a taxa esperada para o final do ano que vem estava mais próxima de 12,75%, com o início do ciclo de afrouxamento monetário esperado para março.

Gráfico da evolução do IPCA-15 no Brasil.
IPCA-15 de outubro apresentou dados mais favoráveis à economia.

A queda nos juros futuros reflete um cenário macroeconômico mais promissor, com a inflação sob controle e expectativas de juros mais baixos. Essa trajetória pode estimular o consumo e o investimento, aquecendo a economia brasileira nos próximos meses.

Fonte: Valor Econômico

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