O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao se sentir empolgado, frequentemente faz declarações que resgatam pautas da esquerda rejeitadas pela maioria da população, exigindo intervenção de marqueteiros para mitigar os danos político-eleitorais. Isso ocorreu na última sexta-feira, 24.
Pesquisas recentes apontam que Lula venceria todos os adversários de direita em 2026. Animado com esses dados, o presidente elevou o tom do embate com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ao criticar a política americana de combate ao tráfico internacional de drogas na América Latina com o uso de Forças Armadas, Lula declarou que “traficantes são vítimas dos usuários”.
Declaração gera críticas e riscos para o governo
Com essa única declaração, Lula conseguiu munir a oposição, que acusou o presidente e o PT de protegerem criminosos. Além disso, desagradou parte da base aliada mais próxima do centro e gerou um potencial mal-estar Internacional. A fala repercutiu negativamente nas redes sociais, com a oposição afirmando que o PCC poderia virar uma ONG.
O cenário para tal afirmação foi o pior possível. Há exatamente dez anos, o Brasil e a Indonésia, sob a presidência de Dilma Rousseff, enfrentaram uma crise diplomática de nove meses, justamente relacionada ao combate ao narcotráfico. Na época, Dilma se recusou a aceitar a soberania da Indonésia, onde a legislação prevê a pena de morte para traficantes, mesmo sem discutir a favor ou contra a pena capital.
Crise diplomática com a Indonésia em 2014
Naquele ano, dois brasileiros foram condenados por tráfico de drogas no país asiático. Marco Archer foi executado em janeiro e Ricardo Gularte, em abril. Dilma pediu clemência, mas o Governo indonésio rejeitou os apelos. Como resposta, a então presidente chamou o embaixador brasileiro e se recusou a receber as credenciais do embaixador da Indonésia, Toto Riyanto.
Nesta sexta-feira, 24, a situação não escalou para uma crise diplomática, dispensando a intervenção do Itamaraty para frear os danos. A responsabilidade de contornar a repercussão da fala de Lula recaiu sobre o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Sidônio Palmeira. O marqueteiro tratou a declaração como uma frase mal colocada, defendendo as ações do governo no combate ao tráfico de drogas. “Quero dizer que meu posicionamento é muito claro contra os traficantes e o crime organizado. Mais importante do que as palavras são as ações que o meu governo vem realizando”, afirmou em mensagem oficial.
Fonte: Estadão