Argentina: Eleições Legislativas Testam ‘Milei Trade’ em Wall Street

Eleições legislativas na Argentina testam o ‘Milei trade’ em Wall Street. Mercado aguarda resultado para avaliar agenda de reformas e estabilidade econômica.
Presidente argentino Javier Milei em foco, com o 'Milei trade' em Wall Street sendo influenciado pelas eleições legislativas. Presidente argentino Javier Milei em foco, com o 'Milei trade' em Wall Street sendo influenciado pelas eleições legislativas.

A cautela predomina em Wall Street antes de um momento crucial para o ‘Milei trade’. Após uma venda frenética que abalou os mercados argentinos no mês passado, investidores globais permanecem em alerta para possíveis reviravoltas após as eleições legislativas deste domingo.

Gestores e estrategistas indicam que a conquista de um terço das cadeiras no Congresso pela coalizão La Libertad Avanza, partido do presidente Javier Milei, poderia impulsionar uma recuperação nos mercados. Contudo, mesmo com essa meta modesta, bancos como Morgan Stanley e UBS sinalizam riscos significativos de perdas. Um desempenho mais fraco que o esperado pode ser interpretado como uma ameaça à agenda de reformas econômicas de Milei e à continuidade da ajuda financeira dos Estados Unidos para sustentar a moeda argentina.

Análise do Mercado e Expectativas para as Eleições

“Se as eleições correrem muito bem e o partido dele conseguir um terço, acho que a Argentina vai se recuperar — mas não quero ser pego num cenário negativo”, comentou Ray Zucaro, diretor de investimentos da RVX Asset Management. “Prefiro estar neutro, sem uma posição grande.” Os mercados da Argentina têm apresentado alguma estabilidade desde que o Governo Trump interveio com a compra de pesos e ofereceu uma linha de crédito de US$ 20 bilhões para evitar uma crise cambial antes da eleição.

Nesta sexta-feira, os títulos em dólares do país registraram ganhos, com as notas com vencimento em 2035 subindo quase meio centavo de dólar. Entretanto, as memórias das perdas acentuadas do mês passado, decorrentes da derrota do partido de Milei na eleição de Buenos Aires, mantêm os investidores em estado de tensão. Esse episódio forçou bancos de Wall Street a reavaliar suas apostas otimistas e alertou investidores globais que antecipavam que o plano do economista libertário de cortar gastos e regulações pudesse mudar o rumo de uma Argentina marcada por décadas de inflação e calotes soberanos.

Javier Milei, presidente da Argentina, em evento, com foco no 'Milei trade' em Wall Street.
Javier Milei, presidente da Argentina, em foco após a derrota eleitoral em Buenos Aires.

Impacto da Eleição Legislativa na Agenda de Milei

As eleições legislativas configuram-se como um teste crucial para a capacidade de Milei manter apoio suficiente no Congresso para vetar medidas da oposição peronista que visem reverter sua agenda. Analistas também observarão sinais de que o resultado poderá levar o presidente a adotar uma postura mais conciliadora com seus adversários políticos.

“O verdadeiro teste estará na estratégia pós-eleitoral de Milei”, analisou em nota o economista Diego Pereira, do J.P. Morgan. Segundo ele, uma narrativa de “derrota nacional” pode se consolidar caso Milei alcance cerca de 31% a 32% dos votos e perca na maioria das províncias. “Possuir um ‘terço de veto’ no Congresso não substitui as alianças necessárias para aprovar reformas macroeconômicas críticas; uma mudança de uma retórica combativa para uma governança pragmática é essencial”, concluiu Pereira.

A questão central para o mercado financeiro é se Javier Milei conseguirá a sustentação legislativa necessária para avançar com sua agenda, que, apesar de ter mostrado sucesso inicial na redução da inflação, tem gerado descontentamento devido a cortes profundos em programas sociais. Adicionalmente, um escândalo de corrupção envolvendo seu círculo íntimo tem abalado sua imagem de reformista.

Fonte: Valor Econômico

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