O dólar à vista registrou queda frente ao real nesta sexta-feira, acompanhando a tendência global de desvalorização da moeda americana. A divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos, mais fracos do que as projeções do mercado, reforça a expectativa de novos cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed).
Essa leitura sugere uma potencial redução nos rendimentos dos Treasuries, títulos do Tesouro americano, e uma desvalorização generalizada do dólar. No Brasil, embora os números da inflação também tenham vindo abaixo do esperado, o impacto no mercado de câmbio foi menos expressivo.
Perto das 9h40, o dólar à vista era negociado em queda de 0,22%, atingindo R$ 5,3742. Paralelamente, o euro comercial cedia 0,05%, negociado a R$ 6,2525. No cenário Internacional, o índice DXY, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, apresentava recuo de 0,11%, situando-se em 98,829 pontos.
Impacto da Inflação Americana nos Mercados Globais
A divulgação de um índice de inflação nos Estados Unidos mais baixo que o previsto tem um impacto direto nas decisões de política monetária do Federal Reserve. Analistas interpretam esses dados como um sinal de que o Fed pode estar mais perto de iniciar um ciclo de cortes na taxa de juros básica, a Federal Funds Rate. Isso tende a tornar os investimentos em dólares menos atrativos em comparação com outras moedas e ativos de maior risco.
A expectativa por juros menores nos EUA pode levar investidores a realocar capital para mercados emergentes, como o Brasil, buscando retornos mais elevados. Essa movimentação pode aumentar a demanda por reais, impulsionando a moeda brasileira e, consequentemente, derrubando a cotação do dólar.
Cenário Interno e a Moeda Brasileira
No Brasil, os indicadores de inflação também apresentaram resultados abaixo do esperado. Contudo, o mercado de câmbio local reagiu de forma mais contida a esses dados. Fatores internos, como a incerteza fiscal e política, podem estar influenciando a percepção de risco do país e moderando o efeito positivo da queda da inflação e das expectativas de juros mais baixos nos EUA.
O fluxo cambial, que mede a entrada e saída de dólares no país, tem se mostrado negativo. De acordo com dados recentes, o fluxo cambial em outubro, até o dia 22, estava negativo em US$ 1,2 bilhão. Essa dinâmica reforça a necessidade de um cenário externo favorável e de estabilidade interna para sustentar uma valorização mais consistente do real frente ao dólar.
Próximos Passos para o Dólar
A trajetória futura do dólar continuará sendo influenciada pelas decisões de política monetária do Fed e pela evolução da inflação nos EUA. Além disso, os indicadores econômicos brasileiros e o cenário político doméstico desempenharão papéis cruciais na determinação da força do real. A atenção dos mercados se volta para os próximos comunicados do Fed e para os dados de atividade econômica no Brasil e nos EUA.
Fonte: Valor Econômico