Lula defende saída do dólar em transações globais; entenda o impacto

Lula defende saída do dólar em transações internacionais. Entenda o que significa essa proposta, as motivações do BRICS e os riscos para a economia global.
substituir o dólar nas transações internacionais — foto ilustrativa substituir o dólar nas transações internacionais — foto ilustrativa

O presidente Luiz Lula da Silva defendeu novamente a possibilidade de substituir o dólar em transações internacionais por moedas nacionais. A iniciativa, que também encontra apoio na China e em outros países emergentes, diverge da posição dos Estados Unidos, com o ex-presidente Donald Trump já tendo se manifestado contrariamente.

Essa proposta visa modificar a dinâmica do comércio global, atualmente centrada na moeda americana. Entenda os detalhes práticos, vantagens e desvantagens dessa potencial mudança.

O que aconteceu

Durante um discurso em Jacarta, Indonésia, ao lado do presidente Prabowo Subianto, Lula declarou: “Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. […] Tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas. Essa é uma coisa que nós precisamos mudar”. A fala reforça a busca por um sistema financeiro mais diversificado e menos dependente do dólar.

O papel do dólar no comércio global

Desde o Acordo de Bretton Woods em 1944, o dólar norte-americano consolidou-se como a moeda-padrão para transações internacionais. Sua aceitação universal e a forte ligação com instituições financeiras globais o tornaram a referência principal, facilitando a liquidez e a estabilidade nas operações comerciais. Tradicionalmente, as transações entre países, incluindo nações emergentes, envolvem a conversão para o dólar.

A força e estabilidade da moeda americana a posicionam como um padrão de fácil utilização, algo que moedas menos estabelecidas teriam dificuldade em replicar.

Por que países em desenvolvimento buscam romper com o padrão dólar?

Países como Brasil, China e Rússia têm defendido ativamente a substituição do dólar. O tema é central nas discussões do BRICS. Um dos principais impulsionadores é a vulnerabilidade a flutuações na política monetária dos EUA. Embora o dólar seja historicamente estável, eventos geopolíticos recentes expõem essa fragilidade.

A exclusão de bancos russos do sistema SWIFT após a invasão da Ucrânia serviu como um alerta. Sem Acesso ao SWIFT, a Rússia intensificou a busca por transações em outras moedas para mitigar o impacto das sanções. A China, por sua vez, tem aproveitado essa dinâmica para expandir o uso do yuan, fortalecendo sua economia com o objetivo de se tornar a maior do mundo. Um exemplo notável foi o financiamento da Argentina em yuan durante sua crise financeira, demonstrando a crescente influência chinesa.

A China vê o fortalecimento do yuan como um passo estratégico para superar os Estados Unidos economicamente.

O descontentamento de Donald Trump

Donald Trump já sinalizou que imporá taxas adicionais sobre produtos de países do BRICS caso a Substituição do dólar se concretize. Atualmente, produtos brasileiros, como o café, já enfrentam uma taxa de 50% nos EUA. Uma eventual reunião entre Lula e Trump na Malásia pode ser impactada por essa postura presidencial. O tema também foi mencionado como indesejado pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em conversas com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira.

Projeto ainda é inicial

Rússia e China lideram o uso de moedas nacionais em transações bilaterais, buscando contornar sanções. O Banco Central do Brasil também firmou um memorando com o Banco Central da China para facilitar o comércio direto entre real e yuan, agilizando e reduzindo custos. O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco dos Brics, já financia projetos em moedas locais, diminuindo a dependência de instituições ocidentais como o FMI e o Banco Mundial. No entanto, a substituição completa do dólar ou a criação de uma moeda própria do BRICS permanecem distantes no curto prazo.

Riscos da substituição do dólar

Especialistas alertam para riscos significativos. O dólar é a moeda mais segura e líquida globalmente; sua substituição pode aumentar a volatilidade e o risco de crises cambiais, tornando as economias emergentes mais suscetíveis a choques externos. Dívidas internacionais, atualmente denominadas em dólar, poderiam ter custos de financiamento mais elevados. Além disso, nenhuma outra moeda possui a mesma aceitação global, e o yuan, apesar de sua ascensão, ainda enfrenta controle político. Abandonar o dólar poderia dificultar contratos e afastar investidores, prejudicando exportadores e importadores.

Fonte: G1

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