STF: Julgamento de Desvio de Emendas de Deputados do PL se Aproxima

STF se aproxima do julgamento de deputados do PL por desvio de emendas parlamentares. Caso envolve alegações de corrupção passiva e organização criminosa.
desvio de emendas parlamentares — foto ilustrativa desvio de emendas parlamentares — foto ilustrativa

A primeira ação judicial sobre desvio de emendas parlamentares, envolvendo os deputados federais Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), e o suplente Bosco Costa (PL-SE), entrou na fase de alegações finais. O caso, relatado pelo ministro Cristiano Zanin, tem potencial para ser julgado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ainda neste ano.

Este processo se destaca por ser a primeira acusação de desvio de emendas parlamentares a ser submetida a julgamento no STF. A Corte, sob a Liderança de Flávio Dino na Primeira Turma, tem buscado aumentar a transparência na alocação de verbas públicas.

O julgamento servirá como precedente para outros casos semelhantes de possíveis desvios de emendas. A preocupação entre os deputados é alta, evidenciada por uma proposta aprovada em setembro que visava exigir aprovação prévia do Legislativo para processar parlamentares por tais atos, medida que foi barrada pelo Senado.

O andamento do julgamento dependerá do cronograma de outras ações, especialmente as relacionadas aos atos antidemocráticos. Caso a análise desses processos se prolongue, o julgamento dos deputados do PL poderá ser adiado para o próximo ano.

Origem da Investigação sobre Desvio de Emendas

A investigação teve início em 2020, quando Eudes Sampaio, então prefeito de São José do Ribamar (MA), reportou que 25% dos valores de emendas destinadas à saúde eram exigidos como contrapartida para sua liberação.

PGR Denuncia Solicitação de Propina em Emendas

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), os deputados teriam solicitado uma propina de R$ 1,6 milhão para viabilizar o envio de R$ 6,6 milhões à prefeitura de São José do Ribamar. O grupo seria liderado por Maranhãozinho, responsável pelo controle e direcionamento das emendas, conforme diálogos e documentos investigativos.

Ao aceitar a denúncia em março, o ministro Zanin ressaltou as evidências que indicam a atuação dos parlamentares em concertação ilícita para solicitar vantagem indevida, configurando o delito de corrupção passiva. Alexandre de Moraes corroborou, afirmando que a acusação expôs claramente os fatos, garantindo o direito de Defesa.

Interrogatórios e Alegações Finais no Processo

A fase de alegações finais é a última etapa de manifestação das partes antes da marcação do julgamento. A PGR terá 15 dias para apresentar suas conclusões, seguida pelo mesmo prazo para a Defesa dos acusados.

Em agosto, os deputados, denunciados por organização criminosa e corrupção passiva, negaram as acusações em interrogatório, com exceção de Maranhãozinho, que optou pelo silêncio. Josival Cavalcanti, conhecido como Pacovan, teria sido o intermediário na cobrança ao então prefeito.

Pastor Gil negou veementemente as acusações, explicando que a destinação de R$ 1,48 milhão a São José de Ribamar foi motivada por um forte apoio eleitoral na cidade, e não por qualquer acordo ilícito. Ele alegou desconhecimento sobre qualquer esquema de propina e considerou falso o documento que lhe incrimina.

Bosco Costa afirmou não conhecer o prefeito nem Pacovan, declarando que suas emendas foram destinadas exclusivamente ao estado de Sergipe. A PGR o acusa de ter recebido um pedido de Maranhãozinho para direcionar emendas ao município maranhense. Costa defendeu sua inocência, afirmando que “nunca vendi emendas, muito menos para o Maranhão. A verdade aparecerá”.

Fonte: Valor Econômico

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