Dólar abre em baixa com olhos no exterior e agenda fiscal em foco

Dólar abre em baixa no Brasil, impactado pelo exterior. Agenda fiscal brasileira e negociações comerciais entre EUA e China também influenciam.
Dólar abre em baixa — foto ilustrativa Dólar abre em baixa — foto ilustrativa

O dólar abriu em queda nesta quinta-feira (23), acompanhando o recuo da moeda norte-americana frente a outras divisas de mercados emergentes. Investidores permanecem atentos aos dados de inflação dos Estados Unidos, que serão divulgados na sexta-feira (24).

Às 9h12, a divisa americana registrava desvalorização de 0,21%, cotada a R$ 5,3864. Na quarta-feira (22), o dólar encerrou o dia em alta de 0,12%, a R$ 5,396, enquanto a Bolsa de Valores avançou para 144.872 pontos.

Agenda Fiscal e Medidas de Compensação

Em meio a uma agenda econômica interna esvaziada, o Mercado volta suas atenções para as movimentações em Brasília. O Governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca uma solução para o Orçamento após a rejeição, no início do mês, da Medida Provisória (MP) dos Impostos pelo Congresso Nacional.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) confirmou que o Executivo dividirá as medidas de compensação à MP em dois projetos de lei, que serão enviados ao Congresso em breve. A estratégia visa contornar a proibição constitucional de reenviar uma MP rejeitada na mesma legislatura, permitindo a reapresentação das propostas via projeto de lei.

Um dos projetos abordará medidas de contenção de despesas, com impacto estimado em R$ 15 bilhões. Incluirá o estabelecimento de um limite mais rigoroso para o uso de créditos tributários na compensação de impostos a pagar, o que pode elevar a arrecadação em R$ 10 bilhões no próximo ano. Entre os ajustes de gastos citados por Haddad estão mudanças no seguro-defeso, no Atestmed e a inclusão do Pé-de-Meia no piso da educação.

Segundo Haddad, a separação da agenda de ajuste nas despesas também serve para evitar que a oposição utilize a falta de aprovação de pautas de seu interesse como justificativa para não votar medidas importantes. A expectativa é que o primeiro projeto gere mais de R$ 20 bilhões em receitas.

Aumento de Tributação e Receitas Adicionais

O segundo projeto de lei contemplará o aumento da tributação sobre apostas esportivas (bets) e a elevação da taxação sobre fintechs e o Juros sobre Capital Próprio (JCP). Essas iniciativas têm o potencial de incrementar as receitas em R$ 8,3 bilhões em 2026, de acordo com estimativas iniciais do Executivo. A apresentação desses projetos estava prevista para esta terça-feira, mas foi adiada.

A estratégia do governo é vista como suficiente para fechar as contas do Orçamento de 2026 sem prejudicar despesas do Executivo e emendas parlamentares, que poderiam sofrer um corte de R$ 7,1 bilhões sem a devida compensação fiscal. A falta de previsibilidade no cenário fiscal, no entanto, eleva a incerteza e a desconfiança do mercado quanto à responsabilidade com o equilíbrio das contas públicas, segundo análise de Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio. “A falta de previsibilidade compromete o planejamento econômico e pressiona expectativas de juros e inflação para o próximo ano”, alerta.

Gráfico de movimentação do dólar em queda, influenciado por fatores externos.
Mercado financeiro monitora indicadores globais e cenário fiscal brasileiro.

Relações Internacionais e Tarifas Comerciais

No cenário internacional, as negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos sobre as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump continuam em foco. Negociadores de ambos os países agendaram um encontro entre Lula e o líder americano para domingo (26), na Malásia, durante a cúpula da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático). A reunião bilateral, embora não oficialmente confirmada pela Casa Branca, é um esforço diplomático para discutir as sobretaxas de importação de 50% sobre produtos brasileiros. As negociações mais aprofundadas sobre as tarifas começaram recentemente.

A conversa entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, na semana passada, marcou o início das tratativas diplomáticas. O ambiente de tensões comerciais também envolve as relações entre EUA e China. Trump expressou otimismo em relação a um acordo com o líder chinês, Xi Jinping, durante o Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) na Coreia do Sul, mas ressaltou a necessidade de um acordo justo.

Recentemente, Trump anunciou sobretaxas adicionais de 100% sobre produtos chineses e novos controles de exportação para softwares críticos, em resposta à expansão do controle de exportação de elementos de terras raras pela China. Essa escalada tem reavivado temores de uma guerra comercial em larga escala.

Presidentes Lula e Donald Trump em possível encontro bilateral para discutir tarifas.
Lula e Trump devem se reunir na Malásia para debater tarifas.

Fonte: Folha de S.Paulo

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