Lula critica protecionismo em visita à Indonésia e mira encontro com Trump

Lula critica protecionismo em visita à Indonésia e defende moedas próprias. Presidente anuncia candidatura em 2026 e pode se reunir com Trump.
Lula critica protecionismo — foto ilustrativa Lula critica protecionismo — foto ilustrativa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido pelo presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, no Palácio Merdeka, em Jacarta. Durante a visita, ambos os líderes assinaram diversos acordos e firmaram uma Parceria estratégica. Lula confirmou sua intenção de disputar o quarto mandato na eleição de 2026 e enfatizou a importância do multilateralismo nas relações internacionais.

Lula anuncia candidatura e defende multilateralismo

Em declaração à imprensa, Lula afirmou sua disposição para uma nova candidatura presidencial. “Eu quero lhe dizer que eu vou completar 80 anos, mas pode ter certeza que eu estou com a mesma energia de quando eu tinha 30 anos de idade. E vou disputar um quarto mandato no Brasil“, declarou o presidente.

Presidente Lula sendo recebido no Palácio Merdeka pela Indonésia.
Presidente Lula sendo recebido no Palácio Merdeka pela Indonésia.

Críticas ao protecionismo e defesa de moedas próprias

Às vésperas de um possível encontro com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula criticou o protecionismo econômico e reiterou sua Defesa pelo uso de moedas próprias em transações comerciais internacionais, em detrimento do dólar. Esse ponto é uma das divergências na agenda de negociações com os EUA, que buscariam convencer o Brasil a abandonar a ideia de substituir o dólar em transações do BRICS.

“Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. Nós queremos democracia comercial e não protecionismo. […] Tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas. Essa é uma coisa que nós precisamos mudar”, enfatizou Lula.

A Defesa de uma moeda alternativa ao dólar para o comércio entre países emergentes, como os do BRICS, é uma bandeira antiga de Lula, visando reduzir a dependência da moeda americana. O BRICS é um bloco que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, entre outros.

Agenda asiática e potencial encontro com Trump

A visita à Indonésia marca o início da agenda asiática de Lula, com foco na ampliação do comércio de proteína animal brasileira, fortalecimento de parcerias ambientais e estreitamento de laços diplomáticos com países do Sudeste Asiático. Na sexta-feira (24), o presidente embarcará para a Malásia, onde participará da Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), evento que também contará com a presença de Donald Trump.

A Cúpula da ASEAN reúne as principais lideranças do bloco formado por 10 países do sudeste asiático para discutir cooperação regional, crescimento econômico e estabilidade. Fontes de ambos os governos confirmaram a disposição mútua para um encontro presencial entre Lula e Trump no domingo (26), que seria o primeiro desde a imposição de tarifas americanas a produtos brasileiros.

O Planalto vê esse possível encontro como uma oportunidade para “reorganizar a relação” entre Brasil e EUA e buscar a suspensão das tarifas, além de discutir medidas restritivas a autoridades brasileiras e a posição dos EUA sobre Venezuela e Colômbia.

Acordos bilaterais e cooperação estratégica

A programação em Jacarta incluiu compromissos na sede do governo indonésio e encontros com empresários locais. Lula e Subianto discutiram temas como exportações agrícolas, investimentos em energia renovável e cooperação em defesa. O Brasil busca ampliar o acesso ao mercado indonésio de carne bovina e explorar oportunidades para a Embraer no setor de aviação.

Os presidentes demonstraram satisfação com os acordos firmados, especialmente nas áreas comercial, tecnológica, de defesa e agricultura. Subianto destacou a “sinergia” entre eles em diversos setores, incluindo a participação em blocos como o BRICS e o G20.

Lula ressaltou que o mundo em desenvolvimento tem muito a aprender com a Indonésia e que “não faltam oportunidades para o comércio de produtos de maior valor agregado, em especial no setor de defesa”, mostrando disposição para suprir necessidades estratégicas da Indonésia, como para a Força Aérea Brasileira.

“Indonésia e Brasil compartilham o compromisso com a paz, com o desenvolvimento sustentável e com a promoção de uma ordem internacional mais justa”, afirmou Lula.

O presidente brasileiro também destacou a concordância com Subianto sobre a urgência em agir para combater a crise climática, reconhecendo a Indonésia como parceira fundamental nessa luta. Ambos os países, detentores de extensas florestas tropicais e biodiversidade, são grandes produtores de biocombustíveis, essenciais na transição para economias de baixo carbono.

“Indonésia e Brasil trabalharão juntos para uma transição energética justa, rumo a economias menos poluentes e mais sustentáveis, sem prescindir da geração de empregos de qualidade e da redução das desigualdades”, relatou Lula.

Lula agradeceu o apoio de Subianto à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá em Belém (PA). Por fim, o presidente brasileiro confirmou sua intenção de disputar o quarto mandato e aceitou o convite de Subianto para comemorarem seus respectivos aniversários.

O comércio bilateral entre Brasil e Indonésia cresceu mais de três vezes nas últimas duas décadas, alcançando US$ 6,5 bilhões. Em 2024, a Indonésia foi o quinto maior destino das exportações do agronegócio brasileiro, mas Lula acredita que o potencial é muito maior.

Fonte: G1

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