A contribuição das chamadas “Sete Magníficas” (as sete maiores companhias do S&P 500) para o crescimento dos lucros do índice tem sido menor que a de outras 493 empresas. Essa tendência, observada desde o quarto trimestre de 2024, deve se manter na temporada de resultados do terceiro trimestre de 2025. O grupo, formado por Nvidia, Microsoft, Apple, Alphabet, Amazon.com, Meta e Tesla, levanta o questionamento: ainda são tudo isso?

Donald Trump, presidente dos EUA, impôs tarifas que poderiam enfraquecer setores da economia americana. O Mercado, diante disso, previa resultados mais fortes para as Big Techs. Contudo, a resiliência macroeconômica inesperada tem levado os dados das demais companhias a superarem as gigantes de tecnologia, reforçando a desaceleração destas últimas.
Em análise, a XP destaca que, embora impressionante que apenas 7 empresas representem cerca de 42% do crescimento total do índice, não seria sustentável esperar que a Nvidia, por exemplo, seguisse com crescimento interanual de três dígitos por muito tempo.

As expectativas gerais apontam para um ambiente favorável ao desempenho operacional, impulsionado pelo cenário macroeconômico e por sinais do mercado. A resiliência do consumo americano, a estabilização das estimativas de crescimento e a proporção de orientações positivas para o trimestre reforçam essa percepção. No entanto, esse cenário não se traduzirá necessariamente em surpresas positivas.
Um fator que pode perder força é o impacto positivo da desvalorização do dólar sobre as receitas das companhias do S&P 500. Mesmo sem um crescimento sustentável impulsionado pelo efeito cambial no último trimestre, um dólar mais desvalorizado poderia funcionar como um impulsionador adicional para a Receita e para as margens.
Desaceleração do Lucro por Ação e Estabilidade das Estimativas
O Bank of America (BofA) aponta que o consenso prevê uma desaceleração do crescimento anual do lucro por ação (EPS) de 11% para 8% no terceiro trimestre. Normalmente, os analistas teriam reduzido as estimativas em 3-4% desde 30 de junho, mas as previsões para o 3º trimestre se mantiveram estáveis — o primeiro período sem cortes desde o 3º trimestre de 2023.
Pessimistas temem que a Barra esteja alta demais, mas a ausência de revisões para baixo tem sido um sinal positivo. Desde 2001, o EPS médio do S&P 500 que superou as expectativas após estimativas estáveis ou em alta foi maior (5%) do que quando houve cortes, afirma a análise do BofA.
Maioria dos Setores com Crescimento, Mas Tecnologia Lidera
A análise por setores do S&P 500 indica crescimento esperado em 10 dos 11 setores. Entre os destaques positivos estão a tecnologia e as utilidades públicas. A temática da inteligência artificial é citada como uma das principais para o setor de tecnologia e deve seguir proeminente. Para utilidades públicas, continua sendo um dos principais vetores de crescimento.
O BofA estima que o setor de tecnologia impulsione o crescimento no 3º trimestre em 20% na comparação anual, contra 3% do restante do índice. A Nvidia deve contribuir com cerca de 25% para esse desempenho.
Contudo, o impacto total das tarifas ainda está por vir, e grandes cortes nas estimativas são inevitáveis se a ameaça de tarifa adicional de 100% sobre a China se concretizar. As vendas do terceiro trimestre consumiram o estoque pré-tarifas.
Entre os setores com desempenho negativo, destacam-se energia e bens de consumo. O setor de energia deve continuar como um detrator no crescimento dos lucros, especialmente pelos preços mais baixos do petróleo. Já o setor de bens de consumo, afetado pela escalada das tarifas, tem queda projetada no lucro por ação neste trimestre.
Fonte: InfoMoney